Um parque industrial não parece o lugar apropriado para se encontrar uma horta de plantas nativas. “É alucinante”, disse Jim Mumford, que desmanchou o telhado de seu pequeno edifício de um andar para convertê-lo em refúgio de borboletas e plantas polinizadas. Parte da onda de construções que respeitam o meio ambiente, os chamados telhados verdes brotam como fungos após uma chuva de primavera em áreas metropolitanas dos Estados Unidos e do Canadá. Trata-se de plantar um jardim no telhado, mas antes é preciso estabelecer um bom sistema isolante, em seguida cobri-lo com a terra adequada e, por fim, cultivar. Mumford, criador e presidente da Good Earth Plant Co., empresa dedicada a projetos com plantas, combina sua visão para os negócios com o entusiasmo de um aficionado naturalista. Quer transformar paisagens urbanas abandonadas em espaços verdes para os trabalhadores, começando pelo seu próprio espaço comercial na arenosa área de Kearny Mesa da cidade de San Diego, no Estado norte-americano da Califórnia.
Segundo Mumford, apenas
Mumford calcula que o custo dos telhados verdes é, aproximadamente, o dobro dos construídos tradicionalmente. Mas acredita que sua utilização proporcionará benefícios ambientais e econômicos. Dentro de seu escritório, o especialista já nota a diferença. O barulho dos aviões decolando de um aeroporto próximo foi reduzido. Além disso, espera economizar entre 20% e 25% em sua despesa com eletricidade, o que com o tempo ajudará a compensar o custo adicional da construção. E, em lugar de necessitar de manutenção a cada 10 ou 20 anos, o telhado verde pode durar até 60 anos se for instalado e cuidado de maneira adequada. Como a maioria das cidades de rápido crescimento, San Diego substituiu sua paisagem por asfalto negro e concreto cinza, o que levou a um fenômeno climático urbano conhecido como ilha térmica. Uma construção carente de vegetação cria seu próprio clima, elevando entre dois e 10 graus a temperatura nas cidades, em comparação com as áreas rurais vizinhas. Esse fenômeno, combinado com o aquecimento do planeta, constitui o desafio de fazer das cidades lugares mais adequados aos seres humanos. Os telhados verdes ainda são poucos e distantes entre si no sul da Califórnia, por causa dos singulares desafios enfrentados pelos profissionais do paisagismo.
Em meados do verão, a temperatura da superfície do teto de Mumford chega a 76 graus, rivalizando em calor com o deserto de Anza Borrego, que fica próximo. “Não poderia ter encontrado um projeto mais difícil para experimentar”, admite, ao descrever as características do solo de que precisam as plantas autóctones para crescer e prosperar em uma pequena área que é, em essência, uma floreira gigante. “É quente, seco e venta”. Não satisfeito com os cactos, cultivou várias plantas nativas resistentes à seca, conhecidas por sua força e porque requerem pouca manutenção. O telhado é construído colocando-se uma membrana de polímeros de muitas camadas que depois são cobertas com o substrato necessário para cultivar, proporcionando nutrientes e retendo a umidade. O desafio do projeto é impedir as infiltrações e ser leve. Os telhados verdes não são uma novidade. A Alemanha começou a subsidiar sua construção na década de 60 para aproveitar a água da chuva. Desde então, deixaram de ser raridades arquitetônicas ao representarem 12% dos telhados de edifícios alemães. Prefeitos e urbanistas avançados nos Estados Unidos também imaginam como poderiam sobressair as cidades sustentáveis. Portland, Chicago e São Francisco continuam gerando telhados verdes que aumentam em escala e complexidade.
A tendência levou à criação de um grande telhado verde parecido com um ecossistema vivo no alto da Academia de Ciências da Califórnia,
Peck diz que a expansão de telhados verdes na América do Norte apenas começa. Até agora, Estados Unidos e Canadá completaram cerca de
(Por Enrique Gili, IPS, 11/07/2007)