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2007-07-13

Um parque industrial não parece o lugar apropriado para se encontrar uma horta de plantas nativas. “É alucinante”, disse Jim Mumford, que desmanchou o telhado de seu pequeno edifício de um andar para convertê-lo em refúgio de borboletas e plantas polinizadas. Parte da onda de construções que respeitam o meio ambiente, os chamados telhados verdes brotam como fungos após uma chuva de primavera em áreas metropolitanas dos Estados Unidos e do Canadá. Trata-se de plantar um jardim no telhado, mas antes é preciso estabelecer um bom sistema isolante, em seguida cobri-lo com a terra adequada e, por fim, cultivar. Mumford, criador e presidente da Good Earth Plant Co., empresa dedicada a projetos com plantas, combina sua visão para os negócios com o entusiasmo de um aficionado naturalista. Quer transformar paisagens urbanas abandonadas em espaços verdes para os trabalhadores, começando pelo seu próprio espaço comercial na arenosa área de Kearny Mesa da cidade de San Diego, no Estado norte-americano da Califórnia.

 

Segundo Mumford, apenas em San Diego há quase 50 quilômetros quadrados de espaço comercial e industrial disponíveis. Se a essa superfície forem acrescentados os telhados aproveitados apenas parcialmente em centenas de cidades de tamanhos médio ou grande, se terá uma área para plantar todos os milharais de Iowa, afirma o especialista. Os telhados verdes são considerados uma solução, por exemplo, para reduzir custos de energia em casas e edifícios industriais ou comerciais, pois têm efeitos isolantes, e para proporcionar áreas verdes nos centros urbanos cobertos de concreto. A organização Environment Canada calculou que um edifício de um andar com telhado de grama com cerca de 10 centímetros de altura pode reduzir em até 25% as necessidades de refrigeração. Outros estudos mostram que um telhado com cobertura vegetal de 15 centímetros reduz em 95% a absorção de calor e em 26% a perda de calor, em comparação com um teto tradicional. “Rapidamente o ambiente se converte em tema dominante de conversa”, afirma Mumford. Um modesto edifício de aproximadamente 170 metros quadrados é o primeiro dos três que possui submetido à renovação por meio de um projeto inteiramente autofinanciado.

 

Mumford calcula que o custo dos telhados verdes é, aproximadamente, o dobro dos construídos tradicionalmente. Mas acredita que sua utilização proporcionará benefícios ambientais e econômicos. Dentro de seu escritório, o especialista já nota a diferença. O barulho dos aviões decolando de um aeroporto próximo foi reduzido. Além disso, espera economizar entre 20% e 25% em sua despesa com eletricidade, o que com o tempo ajudará a compensar o custo adicional da construção. E, em lugar de necessitar de manutenção a cada 10 ou 20 anos, o telhado verde pode durar até 60 anos se for instalado e cuidado de maneira adequada. Como a maioria das cidades de rápido crescimento, San Diego substituiu sua paisagem por asfalto negro e concreto cinza, o que levou a um fenômeno climático urbano conhecido como ilha térmica. Uma construção carente de vegetação cria seu próprio clima, elevando entre dois e 10 graus a temperatura nas cidades, em comparação com as áreas rurais vizinhas. Esse fenômeno, combinado com o aquecimento do planeta, constitui o desafio de fazer das cidades lugares mais adequados aos seres humanos. Os telhados verdes ainda são poucos e distantes entre si no sul da Califórnia, por causa dos singulares desafios enfrentados pelos profissionais do paisagismo.

 

Em meados do verão, a temperatura da superfície do teto de Mumford chega a 76 graus, rivalizando em calor com o deserto de Anza Borrego, que fica próximo. “Não poderia ter encontrado um projeto mais difícil para experimentar”, admite, ao descrever as características do solo de que precisam as plantas autóctones para crescer e prosperar em uma pequena área que é, em essência, uma floreira gigante. “É quente, seco e venta”. Não satisfeito com os cactos, cultivou várias plantas nativas resistentes à seca, conhecidas por sua força e porque requerem pouca manutenção. O telhado é construído colocando-se uma membrana de polímeros de muitas camadas que depois são cobertas com o substrato necessário para cultivar, proporcionando nutrientes e retendo a umidade. O desafio do projeto é impedir as infiltrações e ser leve. Os telhados verdes não são uma novidade. A Alemanha começou a subsidiar sua construção na década de 60 para aproveitar a água da chuva. Desde então, deixaram de ser raridades arquitetônicas ao representarem 12% dos telhados de edifícios alemães. Prefeitos e urbanistas avançados nos Estados Unidos também imaginam como poderiam sobressair as cidades sustentáveis. Portland, Chicago e São Francisco continuam gerando telhados verdes que aumentam em escala e complexidade.

 

A tendência levou à criação de um grande telhado verde parecido com um ecossistema vivo no alto da Academia de Ciências da Califórnia, em São Francisco. O prédio, que abriga coleção de história natural da instituição, tem um telhado verde de quase dois hectares de plantas californianas. Steven Peck, fundador da organização sem fins lucrativos Green Roofs for Healthy Cities (Telhados verdes para cidades saudáveis), tem um interesse profissional neste assunto e estuda muitos dos projetos em grande escala construídos nos Estados Unidos e em outros países. Coleta dados para produzir uma análise de custos e benefícios de iminente publicação. Economista de profissão, Peck compreende a diferença entre o possível e o viável do ponto de vista das políticas públicas. Sem um programa regulador que proporcione incentivos para construir cidades sustentáveis, os telhados verdes não terão muito fundamento, afirmou. Além disso, é preciso superar a resistência de empresários de bens de raiz reticentes a colocar nos telhados estruturas adicionais para suportar cargas, temendo as inundações e os custos agregados.

 

Peck diz que a expansão de telhados verdes na América do Norte apenas começa. Até agora, Estados Unidos e Canadá completaram cerca de 28 hectares, em contraste com os 28 mil hectares existentes na Alemanha. De todo modo a América do Norte vive um auge de construção de telhados verdes, com uma demanda constante que se espera ver crescer dois dígitos na próxima década. “Não há perícia suficiente para atender as necessidades do mercado”, afirma Peck. E isso é bom para as borboletas e os empresários.

(Por Enrique Gili, IPS, 11/07/2007)

 

 

 


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