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2007-07-13

Minimizar o impacto da mudança climática nas ilhas do Caribe, uma região especialmente vulnerável a fenômenos como o aumento do nível do mar, requer o fortalecimento de respostas regionais baseadas na cooperação e no intercâmbio. Um exemplo de ação conjunta é o acordo assinado nesta terça-feira por Cuba, Haiti e República Dominicana que permitirá a criação do chamado Corredor Biológico do Caribe para manejo e proteção de seus ecossistemas. A principal ação a ser realizada é a adaptação, mas o desafio para a ciência está sem saber a que se adaptar. “Um país sozinho não pode enfrentar esse desafio”, afirmou Abel Centella, subdiretor científico do Instituto de Meteorologia de Cuba, em apoio aos planos de cooperação nessa área. O especialista deu como exemplo de esforço comum o Projeto Precis-Caribe, uma iniciativa regional para compartilhar experiências e recursos humanos, informáticos e financeiros, bem como resultados científicos e informação útil. Precis (Provinding Regional Climates for Impacts Studies) é um sistema de modelo climático regional desenvolvido pelo Hadley Center, do Escritório de Meteorologia da Grã-Bretanha.

 

A página da Precis-Caribe na internet facilita o acesso on-line aos cenários de mudança climática desenvolvidos pelo Instituto de Meteorologia cubano a partir de simulações do sistema britânico. “Existem ferramentas e juntamos vários países para compartilhar recursos e experiências”, disse Centella. Além de Cuba, participam do projeto Jamaica, Barbados, Belize e o Centro de Mudança Climática do Caribe (CCCC). “Juntos estamos procurando atrair outras nações”, disse o especialista, para quem a adaptação à mudança climática é uma necessidade para garantir a sobrevivência.

 

Por essa razão, Centella e outros especialistas participantes de um congresso internacional sobre ambiente e desenvolvimento, encerrado no último dia 6 em Havana, consideraram imprescindível prever quanto as temperaturas aumentarão, a que níveis poderiam chegar as águas dos oceanos, o que acontecerá com os ciclones tropicais ou quanto diminuirão, ou aumentarão, as precipitações por causa do aquecimento global. A comunidade científica da região há algum tempo vem alertando que as temperaturas na área do Caribe tenderão a aumentar, pelo menos, cinco graus até 2080, se os países industrializados continuarem com sua emissão de gases causadores do efeito estufa.

 

Especialistas do CCCC prevêem também que em Cuba, Ilhas Caimã e América Central haverá temporadas de fortes contrastes: umas mais secas e quentes e outras de fortes chuvas. Estima-se que em meados deste século haverá redução dos recursos hídricos de muitas pequenas ilhas do Caribe e do oceano Pacífico, a ponto de serem insuficientes para atender a demanda na temporada de seca. Uma das conseqüências mais temíveis da mudança climática é a elevação do nível do mar. “Para nossos pequenos Estados insulares esse é um problema muito sério”, disse à IPS Zoila González de Gutiérrez, vice-ministra de Meio Ambiente e Recursos Naturais da República Dominicana.

 

A respeito do convênio assinado ontem entre Santo Domingo, Porto Príncipe e Havana para criar o Corredor Biológico no Caribe, Zoila lembrou que seu país e o Haiti ocupam uma única ilha, por isso “estamos manejando os mesmos recursos naturais, montanhas e rios. O que acontecer a um repercutirá no outro”, destacou a vice-ministra. República Dominicana e Haiti dividem a ilha La Española, ou Quisqueya, que foi a primeira colônia européia na América. Esse convênio tripartite pretende ajudar o Haiti a melhorar a preservar seu entorno, ao mesmo tempo em que luta contra a pobreza nesse país, disse Ricardo Sánchez, diretor para a América Latina e o Caribe do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma). Sánchez definiu o Corredor Biológico como um espaço geográfico delimitado, vinculado a paisagens, ecossistemas e habitat naturais ou modificados, tudo o que proporciona condições para a manutenção da diversidade biológica, dos processos ecológicos essenciais e os serviços que geram.

 

Entre outras iniciativas, o acordo contribuirá para a reabilitação da bacia do rio Artibonito, no departamento haitiano de mesmo nome, que produz eletricidade para Porto Príncipe. O convênio assinado ontem também permitirá por em prática programas educacionais para crianças e jovens e a capacitação tecnológica em temas ambientais, a fim de melhorar as condições de vida de muitas comunidades do Haiti, o país mais pobre da América Latina e do Caribe. República Dominicana tem um programa de adaptação à mudança climática que, segundo a vice-ministra Zoila, permitiu até agora avaliar o manejo de recursos hídricos e a seca na zona fronteiriça, elevações de temperatura e a possibilidade de aumento no nível domar até 20 centímetros, em alguns casos. “Com Cuba existe colaboração bilateral e em muitos casos nos apoiamos em cientistas desse país. São de grande ajuda para nossos pesquisadores, que aprenderam a lidar com os modelos e as previsões”, acrescentou.

 

Informes especializados alertam que o aumento das temperaturas na área do Caribe provocará mais secas, incêndios florestais e tempestades que, por sua vez, causarão maiores danos às praias e espécies em risco de extinção. Além disso, a região deve estar preparada para combater determinadas enfermidades como dengue e malária, em nações onde ainda não foram detectadas. Outro fator de perigo é o aumento da entrada de água salgada nas zonas de irrigação. Todo o sistema da Organização das Nações Unidas “concentra esforços em obter um acordo para a mitigação e adaptação à mudança climática, especialmente em questões práticas com financiamento e transferência de tecnologia”, afirmou a jornalistas Achim Steiner, diretor-executivo do Pnuma. Steiner acrescentou que esse tema é uma prioridade na agenda do secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, que convocou uma cúpula mundial para o dia 24 de setembro na busca de consenso para avançar na negociação referente à convenção sobre mudança climática. Steiner participou da VI Conferência Internacional sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, que aconteceu em Havana durante quatro dias, com a participação de mais de 750 profissionais de 23 países.

(Por Patricia Grogg, IPS, 11/07/2007)

 

 

 

 


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