Como é praxe, Lula não perdeu a chance de lembrar os biocombustíveis nas conversas que teve com líderes internacionais ontem (11/07). Em Brasília, se queixou ao secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Henry Paulson, sobre os impostos que os americanos aplicam sobre o etanol importado do Brasil, uma taxa de US$ 0,54 por galão, mais um imposto alfandegário de 2,5%.
Segundo maior produtor de etanol do mundo, com 16,7 bilhões de litros anuais, o Brasil perde justamente para os Estados Unidos, que produzem o combustível a partir do milho.
Com a governadora-geral do Canadá, Michaelle Jean, o tom foi outro. Em visita ao Brasil, ela afirmou ter "muito interesse" em compartilhar a experiência do Brasil em biocombustíveis.
- Estamos prontos para construir associações em setores estratégicos. Basta lembrar que o Canadá é uma potência em combustíveis fósseis e o Brasil é uma referência mundial em biocombustíveis. Temos responsabilidades especiais no debate sobre mudanças climáticas e segurança energética - disse Lula.
Unindo-se ao Canadá, o Brasil entrou ontem com um pedido de consulta aos EUA na Organização Mundial de Comércio (OMC) sobre programas de apoio doméstico e subsídios agrícolas aos produtores daquele país, que ultrapassariam o limite de US$ 19 bilhões por ano. O Canadá já vinha contestando o benefício e, juntos, os dois países devem abrir um painel (comitê de arbitragem) até setembro.
Na reunião com Henry Paulson, o presidente brasileiro também teria afirmado, segundo o ministro da Fazenda, Guido Mantega, que a disposição dos norte-americanos em reduzir o teto dos subsídios agrícolas para US$ 17 bilhões por ano "não é nenhuma concessão".
Lembrando que o Brasil não desistiu da Rodada Doha (cujo maior impasse são os subsídios agrícolas americanos e europeus), Mantega revelou que Paulson se mostrou preocupado com com a importante representação política dos agricultores nos Estados Unidos e na Europa.
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Diário Catarinense, 12/07/2007)