O governo pretende mesmo tirar as estatais do Grupo Eletrobrás dos leilões das hidrelétricas do Rio Madeira, mas ainda há dúvida sobre a viabilidade dessa decisão. Segundo uma importante fonte oficial do setor, a orientação para tirar o grupo do leilão - garantindo ao vencedor a possibilidade de se associar à Eletrobrás, depois - tem apoio da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), do Ministério de Minas e Energia e da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff.
Essa medida, que tem a intenção de atrair mais investidores privados para o leilão, foi anunciada em junho pelo ministro interino de Minas e Energia, Nelson Hubner. Na segunda-feira, porém, durante entrevista para comentar as licenças ambientais das usinas do Madeira, Hubner respondeu de maneira evasiva a perguntas sobre a formação dos consórcios.
Essa cautela, segundo a fonte, deve-se ao fato de o governo ainda estar analisando se, juridicamente, é possível tirar Furnas do leilão. A estatal, controlada pela Eletrobrás, associou-se à Odebrecht para fazer os estudos das duas usinas e participar do leilão com a construtora. O Estado tentou falar com um porta-voz da Odebrecht, mas não teve resposta.
O governo também trabalha para fazer outro leilão, sem o qual a energia das usinas do Madeira não terá utilidade: o da linha de transmissão que será construída para transportar a energia das Usinas de Jirau e Santo Antônio até os principais mercados consumidores.
Segundo a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), que faz os estudos técnicos, a previsão é licitar a linha por volta de junho de 2008, cerca de oito meses depois do leilão da Usina de Santo Antônio. Assim, a construção poderia começar até o início de 2009.
Listada no Programa de Aceleração do Crescimento, a linha terá cerca de 2.500 quilômetros e ligará as duas usinas a Araraquara, no interior de São Paulo. O investimento é avaliado em R$ 9 bilhões, mas pode cair para R$ 6,3 bilhões.
(Por Leonardo Goy,
O Estado de S.Paulo, 11/07/2007)