A crise de energia na Argentina se agrava e mais problemas aparecem. Na manhã desta quarta-feira (11/07), os postos de gasolina de Buenos Aires amanheceram com filas quilométricas. Alguns motoristas chegaram a esperar até quatro horas para abastecer o carro. Na noite de terça, foi a vez dos apagões. Ficaram sem energia os bairros de Palermo e parte da Recoleta, em Buenos Aires. No sul do país, Bariloche ficou às escuras durante uma hora e meia. Também houve apagões em municípios da Grande Buenos Aires. Para complicar, o frio está disparando o consumo de gás e eletricidade. Contudo, quase simultaneamente aos apagões, o presidente Nestor Kirchner estava na Bolsa de Valores, realizando um discurso no qual afirmava que não havia crise energética alguma.
Nesta quarta, porém, a previsão do tempo para os próximos dias fez o governo federal mudar de idéia. Buenos Aires viveu a manhã mais fria do ano ao registrar 2ºC abaixo de zero. A estimativa é de chegar à noite com uma mínima de 5ºC negativos. No interior do país, na província de São Luis, a temperatura chegou a 20ºC abaixo de zero. A máxima esperada é de 10ºC e em nenhum caso, nessa semana, será acima de 12ºC. Para o governo, não havia outra alternativa além de admitir o problema e iniciar uma campanha para a economia de energia.
Para enfrentar as próximas 72 horas, o governo Néstor Kirchner se armou de todas as formas para que não falte gás e eletricidade para as residências. Durante todo o dia, os noticiários do canal oficial têm apresentado reportagens sobre como poupar gás e eletricidade no dia-a-dia. Além disso, os programas de entrevistas apresentam depoimentos de analistas que aconselham sobre o assunto. Mas ninguém espera uma atitude mais agressiva por parte do governo de Kirchner. De acordo com o economista especializado em energia Daniel Montamat, ex-secretário de Energia, o governo "está dividido entre assumir a crise, o que representa partir para um racionamento geral de energia e assumir o custo político dessa medida, e continuar fazendo jogo de cena culpando as empresas até chegar às eleições". O país passará por eleições presidenciais em outubro e a mulher de Kirchner, a senadora Cristina Fernández de Kirchner, será uma das candidatas.
(Estadao, 11/07/2007)