A Argentina cortou totalmente suas exportações de gás natural para o Chile. O objetivo é atender ao aumento da demanda doméstica provocado pela onda de frio no país. Assim como a Argentina, o Chile também sofre com o rigoroso inverno. Em Santiago, a temperatura mínima chegou a 4ºC negativos. A Argentina é o único fornecedor de gás natural ao Chile, e até a última segunda-feira, o país andino estava recebendo 1,1 milhão de metros cúbicos diários do combustível. O volume era insuficiente para atender à demanda residencial e comercial da zona central de Santiago, que necessita diariamente de 1,5 milhão a 1,8 milhão de metros cúbicos de gás. O Chile está cobrindo suas necessidades com as reservas de emergência acumuladas nos dutos. Essa é a terceira vez que a Argentina corta totalmente o gás do Chile. O contrato de fornecimento de gás argentino para o mercado chileno é de 22 milhões de metros cúbicos diários, mas desde 2004, quando a crise energética começou a golpear a Argentina, esse volume foi caindo drasticamente.
Críticas
A escassez de gás proveniente da Argentina está desatando uma saraivada de críticas contra o governo da presidente Michelle Bachelet por parte das lideranças da oposição, que pedem que a presidente seja "firme" com o presidente argentino Nestor Kirchner. A escassez de gás argentino também provoca uma alta do custo da energia elétrica, já que as termoelétricas tiveram de optar pela utilização do diesel (mais caro que o gás). As contas de energia elétrica aumentariam, em média, 5%. Enquanto isso, em Buenos Aires, pela primeira vez, o chefe do gabinete de ministros, Alberto Fernández, sustentou que "todos devem ser cuidadosos com o consumo de energia". Segundo ele, diante da onda de frio que assola o país, o governo decidiu "privilegiar as residências". "Pedimos que as indústrias esperem um pouco."
Fernández deixou claro que, apesar da crise, o governo não cogita um eventual fim do congelamento das tarifas de energia, em vigência desde 2002. O congelamento é a principal queda-de-braço entre o governo e as empresas privatizadas de energia. Elas argumentam que, enquanto o congelamento durar, não vale a pena investir na Argentina. Dessa forma, o país não conta com uma ampliação da exploração de gás e aumento da capacidade de transmissão de energia elétrica há mais de meia década.
(Por Marina Guimarães, Agência Estado, 11/07/2007)