Os índios Tumbalalá entregaram um documento à Fundação Nacional do Índio (Funai) e ao Ministério Público pedindo agilidade na homologação de uma área no município de Curaçá (BA). A região, reivindicada como território indígena, foi ocupada pelos índios na terça-feira (10/07). Segundo o Conselho Indigenista Missionário (Cimi), a terra retomada fica próxima ao local onde está prevista a construção de duas barragens da obra de transposição do rio São Francisco.
"A gente está sem o bem mais precioso, que é a nossa terra, que está nas mãos dos posseiros", afirma a líder indígena Maria José Gomes Marinheiro, a Maria Tumbalalá. Segundo ela, os 800 índios que encontram-se no local só sairão de lá quando tiverem as exigências atendidas. Eles também pedem a presença Polícia Federal para garantir a segurança dos índios. O grupo também protesta contra as obras de transposição do Rio São Francisco. "Não se pode defender a terra se não defender o rio. O nosso rio é muito precioso, somos contra a transposição", afirma Maria Tumbalalá.
Segundo o Ministério da Integração Nacional, a área onde os índios Tumbalalá estão não será atingida pelas obras de transposição do Rio São Francisco. O órgão afirma, inclusive, que o grupo será beneficiado pelos programas ambientais previstos no projeto.
De acordo com a Funai, até o fim do mês, a antropóloga Mércia Batista deverá ir ao local para concluir os estudos para a homologação da área dos Tumbalalá. No final da tarde de hoje (11), o administrador regional da Funai de Paulo Afonso, João Valadares, foi até a região onde os índios estão instalados para tomar conhecimento da situação.
É a segunda ocupação indígena reivindicando áreas na região do São Francisco. No mês passado, índios Truká impetraram uma ação no Ministério Público Federal pedindo a agilização da demarcação de território que consideram originalmente seu, em Cabrobó (PE). A área, onde estava uma fazenda, foi desapropriada pelo União para as obras de transposição do Rio São Francisco.
De acordo com o coordenador do Projeto de Transposição, Rômulo Macedo, o grupo será beneficiado pelos programas ambientais previstos no projeto. “O ministro Geddel Vieira Lima esteve na região há cerca de um mês e assinou quatro convênios beneficiando altamente aquelas comunidades, tanto os Tumbalalá como os Truká, os Pipipã e os Kambiwa”, afirma. Segundo Macedo, o ministério já liberou recursos para a construção de casas, postos de saúde, estradas e centros sociais.
(Por Sabrina Craide,
Agência Brasil, 11/07/2007)