A Organização Mundial da
Saúde (OMS) advertiu ontem (10/07), durante um evento realizado
Segundo o diretor da
organização para o Pacífico Ocidental, Shigeru Omi, já é possível notar o
ressurgimento da malária em alguns lugares onde ela havia deixado de existir há
muito tempo e detectá-la em locais onde ela nunca havia aparecido.
O alerta da OMS levou em
consideração a região da Ásia-Pacífico, mas, segundo o coordenador de
pós-graduação do Instituto de Doenças Tropicais da USP, Heitor Andrade Júnior,
a tendência pode ser aplicada à realidade brasileira. “A elevação de
temperatura faz com que doenças surjam onde antes não existiam”, afirma.
Um exemplo emblemático foi
o que ocorreu em 1998 em Xangai, na China. A elevação de temperatura para
patamares acima dos 40º C triplicou o índice de mortalidade relacionado à
dengue. Por causa do calor excessivo, o mosquito transmissor do vírus
disseminou-se por áreas que antes não eram afetadas pela doença, causando
mortes.
O frio é um fator natural
de controle de doenças como malária, dengue e cólera na Europa e nos Estados
Unidos. Por causa do aquecimento, áreas que antes não possuíam a temperatura
ideal para o desenvolvimento dos transmissores terão de aprender a lidar com as
doenças tropicais.
De acordo com Andrade
Júnior, esse será o caso da região sul do Brasil, atualmente uma área
relativamente protegida por causa das baixas temperaturas. “Com o aquecimento,
os períodos de frio vão ser menores, o que deve expandir a incidência das
doenças tropicais”, diz.
Nas outras regiões do
país, que já têm clima tropical, o problema não deve ser agravado. Porém, em
algumas áreas de cerrado, com propensão à desertificação, pode aumentar a
incidência de doenças relacionadas à água, como o cólera e o rotavírus. Isso
porque, com a vegetação mais escassa e as temperaturas mais altas, os rios
tendem ter um volume menor de água com menos qualidade.
(Por Ana Paula Galli,
Revista Época, 09/07/2007)