Para que o Brasil possa ter autonomia para mensurar o real impacto do aquecimento global na agricultura e em sua biodiversidade e conseguir negociar de igual para igual com as nações desenvolvidas metas de redução de emissão de gases que provocam o efeito estufa, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) comprará um novo supercomputador para o Centro de Previsão do Tempo e Pesquisas Climáticas (CPTEC), além de estar criando uma área de pesquisa, chamada de "ciência do sistema terrestre e mudanças climáticas". O Brasil ainda não consegue fazer sozinho previsões climáticas globais que podem influir no futuro da Amazônia, na produção de alimentos e na preservação das espécies.
Esses são alguns dos destaques que estarão no planejamento estratégico do instituto para os próximos 20 anos. O planejamento está em fase final de consolidação e prevê metas de longo e médio prazos, de acordo com o pesquisador do Inpe, Carlos Nobre, que trabalha em conjunto com a direção do instituto na criação da nova área de pesquisa e também preside o Comitê Científico International Geosphere-Biosphere Programme (IGBP).
MudançasA necessidade dessas mudanças, explica Nobre, também ocorre porque o instituto será o responsável pela secretaria-executiva da futura Rede Brasileira de Pesquisa sobre Mudanças Climáticas, que está sendo formada pelo Ministério da Ciência e Tecnologia. "O planejamento estratégico do Inpe indicou a necessidade de cerca de 200 novos pesquisadores, tecnologistas e engenheiros para o estabelecimento da nova área", explica Nobre, que foi membro do Grupo de Trabalho 2 do Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática da ONU (IPCC, na sigla em inglês).
Segundo o pesquisador, um dos objetivos da nova área de estudo é o de desenvolver "modelos computacionais do sistema climático para a elaboração de cenários futuros de interesse do País."
Além do corpo técnico, o Inpe precisa de um novo supercomputador para conseguir ter autonomia de prever o efeito das mudanças climáticas globalmente. Hoje, a tecnologia do Inpe permite apenas realizar esses estudos na América do Sul e seus cientistas conseguem fazer previsões globais somente com a colaboração de outros centros de pesquisa.
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A Crítica, 10/07/2007)