A polícia ainda năo tem pistas dos assassinos do ambientalista baiano Antônio Conceiçăo Reis, 44 anos, morto a tiros quando retornava para sua casa, no bairro de Itapuă, na manhă de anteontem. A delegada Francineide Moura, titular da 12Ş Delegacia, năo descarta a possibilidade de envolvimento de policiais no crime.

Ontem (10/07), pela manhă, foi iniciado o trabalho pericial no corpo encontrado carbonizado dentro de um Ford Ecosport incendiado horas após o crime, no município de Camaçari, que pode ser do ativista. A comprovaçăo deverá ser obtida através de um exame de DNA.

Francineide Moura disse que todas as possibilidades estăo sendo analisadas, já que Antônio tinha muitos inimigos, inclusive policiais, que foram denunciados pela vítima. Ela acrescentou que a maior dificuldade na apuraçăo do caso é a falta de testemunhas. Sem revelar a quantidade de depoimentos colhidos, ela acredita que, devido ao horário do crime, por volta das 7h, muitas pessoas teriam visto a açăo dos bandidos, mas preferem calar-se temendo represálias.

Ontem, pela manhă, no Instituto Médico-legal Nina Rodrigues, uma equipe de peritos foi formada para acelerar o trabalho de identificaçăo do corpo carbonizado, encontrado ŕ margem de uma estrada de terra vicinal ŕ BA-099, próximo ao Recanto Ecológico Sucupira, anteontem ŕ tarde. Como o cadáver estava desfigurado e com as pontas dos dedos carbonizadas, impossibilitando a realizaçăo de exame de impressőes digitais, a equipe decidiu fazer o exame de DNA, com previsăo de resultado para 30 dias.

Reconhecimento - Há cerca de um ano, Antônio passou a receber várias ameaças de morte, através de ligaçőes anônimas e bilhetes deixados na porta de sua casa. Presidente da ONG Nativos de Itapuă, ele despertou a ira dos comerciantes da regiăo ao conseguir por fim ŕ realizaçăo das festas de Carnaval e Reveillon no Parque do Abaeté.

Em janeiro deste ano, denunciou, na Corregedoria da Polícia Civil, agentes do Comando de Operaçőes Especiais da (COE), depois de ter sua casa invadida durante uma operaçăo de combate ao tráfico de drogas na Baixa do Soronha. Foi morto exatamente no dia em que deveria fazer o reconhecimento dos policiais.

(Correio da Bahia, 11/07/2007)