A chancelaria boliviana solicitou ao Brasil informações sobre a decisão do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) de conceder uma licença para a construção de duas centrais hidroelétricas no rio Madeira. "Estamos pedindo uma informação oficial, pelas vias regulares, porque até o momento temos apenas o que diz a imprensa", informou uma fonte do ministério das Relações Exteriores em La Paz, que pediu para não ser identificada.
Com a autorização ambiental do Ibama, as obras das duas represas poderão ser licitadas, mas ainda há 32 exigências para que o trabalho possa ser iniciado, incluindo programas de vigilância de sedimentos, reprodução de peixes e controle do nível de mercúrio na água. A Bolívia está preocupada como o impacto negativo sobre a flora e a fauna na região, como prevêem organizações ambientalistas.
A senadora boliviana e candidata à secretaria geral da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA), María Esther Udaeta, declarou à AFP que espera obter toda a informação técnica e científica possível para garantir que não haverá danos ao ecossistema.
Udaeta lembrou que em abril passado congressistas de Brasil, Bolívia, Colômbia e Peru, membros do Parlamento Amazônico, se reuniram na cidade boliviana de Cobija, onde concordaram em fazer um acompanhamento da construção de hidroelétricas no Rio Madeira. "Estamos esperando informação de parlamentares brasileiros sobre este tema. Agora que conhecemos a decisão oficial do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama), vamos insistir para que a informação técnico-ambiental seja agilizada".
A construção das hidroelétricas de Santo Antônio, de 3.150 MW, e Jirau, de 3.300 MW, é um dos principais projetos do Programa de Aceleração do Crescimento, apresentado no ano passado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O rio Madeira é um dos principais afluentes do Amazonas e nasce da união dos rios Beni e Mamoré, na Bolívia, marcando a fronteira entre os dois países.
(
Último Segundo IG, 11/07/2007)