"Se o Brasil crescer 4% ao ano, o que é um desenvolvimento moderado, vamos necessitar, adicionalmente mais 40 mil megawatts (MW) entre 2007 e 2015. Hoje, estão sendo implantados 11 mil MW em empreendimentos em andamento, faltando 29 mil MW a serem colocados à disposição do sistema elétrico", disse o diretor da divisão de Energia da Federação das Indústrias do Estado (Fiesp), Luiz Gonzaga Bertelli. Para ele, somente os empreendimentos do Rio Madeira, que receberam licença prévia do Ibama, não serão suficientes para atender às necessidades do País em crescimento, "pois representam 6 mil MW a mais somente".
Bertelli é um incentivador do uso de bagaço de cana para gerar, até a segunda década do século, mais 24 mil MW, "o que é inteiramente possível". Segundo o especialista, em 2007, "de toda a energia gerada no Brasil, em torno de 45% é proveniente de fontes mais baratas, limpas e renováveis, contra aproximadamente 15% da média mundial. A carga tributária do setor elétrico já alcança cerca de 50%".
Para Bertelli a elevada carga tributária sobre energia poderá ser um dos fatores que contribuirá, negativamente, para a falta de atrativos para o investidor nacional ou estrangeiro. "Atualmente, os custos de eletricidade ficam entre os mais altos das 20 maiores economias do mundo."
LimiteO diretor da Divisão de Energia da Fiesp afirmou que o sistema elétrico nacional está trabalhando bem próximo do limite atualmente. Em março o consumo de energia elétrica no País, no horário de pico, alcançou o recorde de 63 mil Mwh.
Bertelli entende que a situação é lamentável, em relação à tradição brasileira e "ao potencial existente de energia abundante, limpa e renovável, como é o caso de hidreletricidade e da biomassa do bagaço da cana. As usinas térmicas, ainda, apresentam um sério problema operacional, no caso a estreita dependência dos combustíveis importados, cada vez mais caros, como é o caso do gás boliviano. A Nação demanda 50 milhões de metros cúbicos diários de gás natural, enquanto só produz 27 milhões. Faltam-nos, desta forma, políticas claras, de longo prazo e os marcos regulatórios."
Para ele a eletricidade tem de ser um diferencial significativo na competitividade da indústria. "Não houve a construção de nenhuma usina elétrica importante nos últimos quatro anos. Precisamos construir as usinas de Belo Monte (11 mil MW), Rio Madeira (6 mil MW), a usina nuclear de Angra 3 e o aproveitamento da biomassa, a fim de que não haja desequilíbrio na oferta de energia elétrica", concluiu o especialista em energia. (Milton F. da Rocha Filho)
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Agência Estado, 10/07/2007)