O Brasil vai apoiar a criação de um sistema peruano de proteção à Amazônia, nos moldes do brasileiro. A decisão foi tomada na semana passada, quando uma comitiva esteve em Lima, capital do Peru.
A informação é do diretor-geral do Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia (Censipam), Marcelo Lopes, que liderou o grupo. Segundo ele, a versão peruana vai se chamar Sipan, que significa Sistema de Proteção da Amazônia Nacional.
Para a primeira etapa, ficaram acertadas ações nas áreas de hidrologia e sensoriamento remoto. Lopes explica que, primeiramente, haverá integração das informações para controle do tráfego aéreo e, posteriormente, ampliação dos sistemas em âmbito civil, nos moldes do que já é feito no Sipam. "Neste aspecto, ganham importância a meteorologia, hidrologia, sensoriamento remoto e a criação de um banco de dados sobre a região".
Na área de sensoriamento remoto, o Peru poderá contar com imagens de alta resolução de seu território feitas com utilização das aeronaves R99B do Sipam, informa o diretor. As imagens serão utilizadas em estudos sobre impacto ambiental, desmatamento e biomassa. A capacitação dos técnicos peruanos será feita por brasileiros.
"Nossa permanência em Lima na semana passada foi um segundo passo rumo à implantação do Sipan. O primeiro passo foi dado por eles quando vieram ao Brasil conhecer o Sipam. Agora entramos numa nova fase, que é buscar a obtenção de recursos para estimular essa troca de experiências. Quem sabe o Banco Interamericano de Desenvolvimento possa ser um exemplo de instituição que invista nesse projeto", afirmou Lopes.
Os dois países têm cerca de 3 mil quilômetros de fronteira, no Acre e Amazonas. Como o rio Amazonas nasce no sul peruano, Brasil e Peru têm intensa integração hidrológica. Ao todo, a Amazônia peruana possui 778,5 mil quilômetros quadrados, o equivalente a 61% da área do país.
Em conversas anteriores, o Peru já tinha anunciado a decisão de reforçar e ampliar o controle do espaço aéreo na região de fronteira com o Brasil. As negociações vem ocorrendo desde o ano passado.
Para estruturar o início do trabalho conjunto, os representantes brasileiros reuniram-se na semana passada com diversas instituições peruanas, como Instituto Geográfico Nacional, Instituto Nacional de Defesa Civil, Serviço Nacional de Meteorologia e Hidrologia do Peru, assim como os ministérios da Defesa, Interior, Transportes e Telecomunicações, Energia e Minas, Educação e o Conselho de Ministros.
No mês passado, a secretária-geral da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA), Rosalía Arteaga, informou que o Brasil é o único entre os oito países-membros que tem sistemas consolidados de monitoramento. Ela citou o Sistema de Vigilância da Amazônia (Sivam) e o Sistema de Proteção da Amazônia (Sipam). “Nos outros países temos dados, às vezes aproximados, sobre o que acontece, mas não dados muito certos. Com este sistema, acho que vamos melhorar muito”.
O Sipam e o Sivam são projetos complementares, mas cada um com características próprias. O Sivam começou em 1990 e foi concluído em 2005, quando passou a ser chamado de Sipam. Segundo Marcelo Lopes, o Sipam realiza monitoramento e estudos socioambientais, alertando os órgãos competentes sobre fenômenos naturais, como secas, enchentes e incêndios, ações de educação social e suporte à implementação de políticas públicas.
O Projeto Sivam foi dividido em duas partes, a civil, hoje representada pelo Censipam, ligado à Casa Civil da Presidência da República, e a militar, ligada ao Ministério da Aeronáutica, representada atualmente pelo 4º Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle do Tráfego Aéreo (Cindacta 4), localizado em Manaus.
(Por Amanda Mota, Agência Brasil, 10/07/2007)