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2007-07-10
As reservas brasileiras de petróleo cairão 45% nos próximos dez anos, caso não sejam incorporados novos campos de produção nesse período. As projeções fazem parte do Plano Decenal de Expansão de Energia (PDEE 2007/2016) da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), estatal vinculada ao Ministério de Minas e Energia (MME) responsável pelo planejamento do setor energético no País. Desde a sua criação, há três anos, a EPE esteve envolvida basicamente com estudos referentes ao setor elétrico, mas a partir deste ano passou a divulgar dados referentes também ao segmento de petróleo e gás natural.

Pelos dados da EPE, as reservas de petróleo no Brasil cairão para 1,314 bilhão de metros cúbicos de óleo (8,3 bilhões de barris) no final de 2016, ante os 2,4 bilhões previstos para o final deste ano (15,1 bilhões de barris). O presidente da EPE, Maurício Tolmasquim, ressalvou que essas projeções são "extremamente conservadoras" já que não incluem a produção de campos que ainda estão sendo desenvolvidos e não foram declarados comerciais.

"Só estão incluídas nessas projeções as reservas já descobertas até à Sétima Rodada de Licitações da Agência Nacional do Petróleo (ANP). É quase certo que outras áreas serão incorporadas e as reservas serão maiores", complementou Tolmasquim em entrevista à Agência Estado.

Nesse mesmo período, a produção interna de petróleo subirá do patamar de 104,6 milhões de metros cúbicos anuais (cerca de 1,8 milhão de barris/dia) para 146,9 milhões de metros cúbicos (2,5 milhões de barris/dia), com aumento de 40% no período. Com isso, a relação entre reservas e produção tende a registrar um declínio acentuado nos próximos anos caindo do atual patamar de 23 anos de reservas/produção para cerca de nove anos.

Os dados da EPE são diferentes dos divulgados pela Petrobras, que estima que as reservas de petróleo no Brasil estão em torno de 13,75 bilhões de barris e devem continuar nesse patamar nos próximos anos.

Perspectivas
Tolmasquim disse que essas discrepâncias serão revistas nos próximos meses, com novos estudos que estão sendo desenvolvidos pela EPE. Mas ele considera importante a EPE começar a desenvolver os seus próprios estudos, independentes dos divulgados pela Petrobras. Ele lembra que houve um processo semelhante no setor elétrico, em que os cálculos eram feitos por outra empresa estatal, a Eletrobrás, holding estatal que responde por cerca de dois terços da energia elétrica produzida no País.

"Com o ingresso de novos atores no setor, os números consolidados para o País começam a se diferenciar dos produzidos por apenas uma empresa. O governo quer ter uma avaliação independente das empresas também para o setor de petróleo e gás", justificou Tolmasquim.

Além disso, na avaliação do governo, os dois setores tendem a ampliar a interligação nos próximos anos. Ao contrário do que ocorre em outros países, o segmento de petróleo e gás tem pouca ligação com o setor elétrico, devido ao amplo predomínio das hidrelétricas na geração elétrica, com baixíssima participação das usinas térmicas.

A previsão para os próximos anos, porém, é que haverá um forte aumento das térmicas na matriz elétrica, que demandarão mais combustíveis de derivados de petróleo e/ou de gás natural. Atualmente as hidrelétricas respondem por cerca de 90% da produção de energia elétrica no Brasil e essa participação deve cair para cerca de 78% nos próximos dez anos.

Pelos estudos da EPE, as vendas de automóveis no mercado interno ultrapassarão os 3 milhões de veículos anuais, com aumento de 50% em relação aos 2 milhões contabilizados no ano passado. Com isso, a frota de veículos leves subirá para 32 milhões de unidades, ante os 20 milhões registrados atualmente.

A EPE está trabalhando com a estimativa de que a economia brasileira crescerá cerca de 4,2% ao ano nos próximos dez anos, no limite inferior. Se a economia crescer um pouco mais, ao redor de 4,7% ao ano, as vendas anuais de veículos leves atingirão 3,25 milhões de unidades, pelas projeções da EPE.

(Por Alaor Barbosa, Estadão, 09/07/2007)

 


 

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