Assessores do ministro do Desenvolvimento Agrário, Guilherme Cassel, e técnicos do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) iniciam hoje (10/07) uma visita de dois dias ao Pontal do Paranapanema, no extremo oeste de São Paulo, para analisar o projeto de produção de biodiesel proposto pelo líder dissidente do Movimento dos Sem-Terra (MST) José Rainha Júnior.
Hoje, a comitiva ministerial se encontra com lideranças dos assentamentos e prefeitos da região em Presidente Epitácio. Amanhã, o grupo visita uma agroindústria de óleo no município de Euclides da Cunha Paulista, com capacidade para 20 mil litros de biodiesel por dia. Rainha disse que o plano inicial, de produzir óleo a partir do pinhão manso, foi adiado para 2008, quando deverá estar concluído o zoneamento ambiental dessa planta.
De início, segundo ele, cerca de 1.500 famílias vão cultivar girassol e mamona. Ele pretende negociar um prazo durante o qual as famílias de assentados e pequenos produtores receberão um salário mínimo mensal do governo. "É o prazo de que elas precisam para começar a ter retorno." O governo deverá investir cerca de R$ 50 milhões no projeto em dez anos.
Articulador do "inverno quente", que resultou na invasão de 21 áreas na região nos últimos dez dias, Rainha disse que a organização da luta pela terra vai ficar "de lado" esses dias, para que ele possa retomar a negociação do projeto com o governo federal. "Nossa preocupação é criar um projeto alternativo para as famílias do Pontal que já estão assentadas."
(Por José Maria Tomazela,
Estadão, 09/07/2007)