A Argentina alcançou, em 2007, uma safra recorde de soja com 47,5 milhões de toneladas. O custo ambiental e social dessa produção, no entanto, tem números bem mais impressionantes: 1 milhão de hectares de desmatamento, dos quais a maioria é plantado com soja, em uma destruição do meio-ambiente realizada num ritmo seis vezes maior que a média mundial. As informações são da Agência de Notícias argentina, Proteger, com dados oficiais da Direção de Bosques da Secretaria de Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Nação (SayDS, sigla em espanhol).
Atualmente, o território da soja na Argentina supera os 16 milhões de hectares -espaço quatro vezes maior que a superfície da Holanda. São 821 hectares de bosque perdidos por dia no país, com uma preocupante média de 34 hectares por hora. O Congresso Nacional, em especial os senadores de oito províncias, destacando-se entre elas os de Salta, Formosa e Misiones, está impedindo as restrições ao desmonte ao frear a Lei de Orçamentos Mínimos para a Proteção Ambiental dos Bosques Nativos, já sancionada pela Câmara dos Deputados.
Organizações sociais de toda a Argentina promovem uma campanha de pressão aos senadores para aprovarem a lei, pois a mesma determina a moratória dos desmontes até que as províncias realizem um ordenamento territorial dos bosques nativos que garanta o uso sustentável dos mesmos, e proíbe explicitamente a autorização de permissões de desmonte em zonas tradicionalmente habitadas.
Segundo divulgado pela agência Proteger, o desmatamento dos bosques argentinos, entre 2002 e 2006, cresceu cerca de 42% em relação a um mesmo período de quatros anos entre 1998 e 2002. A região de Salta (noroeste do país) registra a destruição mais acelerada com o desaparecimento de uma área de bosque de 414.934 hectares, desmatamento 113,45% superior ao constatado entre 1998 e 2002.
De acordo com os especialistas da SayDS, o maior desmonte pode ser percebido na região do Parque Chaquenho, região que envolve doze províncias argentinas: abarcando a totalidade de Formosa, Chaco, Santiago del Estero, o norte de Santa Fé, San Luis e Córdoba, o leste de Salta, Tucumán, Catamarca, La Rioja e San Juan, e o nordeste de Corrientes. São mais de 67 milhões de hectares, resultando na maior superfície do país em bosque nativo. Na província de Santiago del Estero (centro do país), há o maior número de vegetação destruída: 515.228 hectares em quatro anos, o que significa 71,61% de desmatamento a mais entre 2002 e 2006 do que entre 1998 e 2002.
Em 2005-2006, a produção de soja do país foi de 40,7 milhões de toneladas. No sul e sudoeste de Córdoba, no norte de La Pampa e no oeste de Buenos Aires registrou-se um aumento de médio de 18% em 2006-2007. O aumento da área plantada e uma maior produtividade no sudeste de Buenos Aires, principalmente nas zonas serranas, foram responsáveis por um aumento de 27,6%; o sudeste bonaerense cresceu 8,8%. Segundo um informe da Bolsa de Cereais, os números da produção não foram maiores porque inundações e outras dificuldades impediram a colheita de 180.000 hectares.
(Adital/
Eco Agência, 09/07/2007)