Cerca de 100 servidores do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais e Renováveis (Ibama) fecharam na manhã desta segunda-feira (09/07) os acessos ao Cristo Redentor, no Rio de Janeiro, em protesto contra a medida provisória do governo federal que dividiu a instituição, com a criação do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade. O motivo é o mesmo que mantém os servidores em greve desde o dia 14 de maio.
A medida, que ainda precisa ser aprovada pelo Senado, transfere para o novo órgão a responsabilidade pelas áreas de conservação e de proteção ambiental do país, que antes eram geridas pelo Ibama.
Além de atrasar em meia hora o começo das atividades do trem que leva turistas ao topo do Corcovado, os manifestantes bloquearam o acesso de veículos que é feito pela Estrada das Paineiras e penduraram uma faixa com o símbolo do Ibama na estátua do Cristo.
Os servidores aproveitaram a eleição do Cristo Redentor no último final de semana como uma das sete maravilhas do mundo moderno, que está atraindo atenções para o monumento, para dar visibilidade ao protesto.
De acordo com Ronaldo Huet, analista ambiental que participou da coordenação do movimento, a divisão de tarefas entre os dois órgão do Ministério do Meio Ambiente vai fragmentar as ações de controle ambiental.
"Você não tem unidades de conservação ou áreas de protegidas separadas do Ibama enquanto licenciamento, enquanto fiscalização. Então com essa divisão você vai enfraquecer a fiscalização, dificultar o licenciamento e aumentar custos", afirmou.
Segundo Huet, as dificuldades do Ibama para gerir áreas de conservação ambiental, um dos motivos alegados para criação do Instituto Chico Mendes, só existe porque o Ministério do Meio Ambiente está concentrando recursos e transferindo poder a organizações não-governamentais e a situação tende a se agravar.
"O Ministério do Meio Ambiente direciona suas verbas para as ONGs [organizações não-governamentais], tira do Ibama o dinheiro que ele teria para aparelhamento, para pessoal. E uma das importantes conseqüências dessa divisão do Ibama é que todas as unidades de conservação da Amazônia serão geridas por Organizações da Sociedade Civil (Oscip) e a grande força destas entidades são ONGs internacionais.
Assim, áreas que são nacionais vão estar sendo administradas por pessoas que não tem exatamente o interesse nacional a tal ponto que até o Ministério da Defesa já alertou sobre isso. A gente não está num movimento corporativo, é uma briga pelo que é nacional."
Huet afirmou que a idéia de criação do instituto de unidades de conservação "não é ruim de todo" e inclusive já existe há muito tempo, mas criticou a arbitrariedade da medida provisória e falta de discussão em torno do assunto.
(Por Adriana Brendler, Agência Brasil, 09/07/2007)