Desde o fim de junho, a rotina de um produtor de frango de Nova Bréscia, no Vale do Taquari, mudou: em vez de alimentar as galinhas, ele vai até o local para recolher as aves mortas durante a madrugada.
Ele perdeu parte de sua criação para a chamada anemia infecciosa das galinhas, que atinge os criadores da região desde abril. A enfermidade matou cerca de 700 mil pintos de até seis semanas em um período de dois meses. Os casos registrados envolvem os criadores integrados de uma única empresa, a Avipal. A indústria não revelou o número de aves mortas, mas considera o índice baixo - entre 0,25% e 0,3% dos 240 milhões de abates anuais.
- Prefiro ficar parado, sem trabalhar, do que levar toda a minha produção para o lixo - lamenta o produtor, que não quer se indentificar.
Até agora, ele perdeu 500 frangos, dos 13 mil que criou no lote atual. E calcula que a quantidade pode chegar a até 1,8 mil até o fim do mês. A anemia infecciosa é transmissível apenas entre aves, não atinge o ser humano e provoca a morte de pintos de até seis semanas. Mas é comum porque é um vírus que circula no ambiente, e os animais contaminam-se de maneira natural.
O caso está controlado, conforme a Secretaria da Agricultura do Estado. Segundo a Avipal, a pior fase já passou. São raros os agricultores que ainda enfrentam o problema. Além dos casos de Nova Bréscia, ocorreram mortes em Arroio do Meio e Encantado, de acordo com as prefeituras. Segundo a Avipal, há notícia de que apenas Nova Bréscia - o maior município produtor de frangos do Estado - tenha registrado a mortandade. A empresa garantiu que ressarcirá os produtores e que os novos lotes (distribuídos a partir do fim do mês) não terão mais o problema.
Responsável pela sanidade avícola da Secretaria da Agricultura, Adriana Reckziegel explica que a mortandade pode ter sido gerada por novos tipos de medidas de biosseguridade adotados pela Avipal - método que protege as galinhas matrizes não só com a vacinação, mas no processo de criação em normas instituídas pelo Ministério da Agricultura. Segundo Adriana, os frangos atingidos não receberam anticorpos suficientes e, quando foram encaminhados a outros ambientes, adquiriram o vírus. Conforme a Secretaria da Agricultura, os frangos doentes não foram vendidos.
A doençaGrande parte dos agricultores de Nova Bréscia procurados por Zero Hora não quis se identificar ou se recusou a dar informações afirmando não estar autorizada pela Avipal.
O setor de comunicação da Avipal esclareceu que os produtores integrados à empresa são orientados a não repassarem informações à imprensa, caso sejam abordados. Segundo a empresa, a intenção é de evitar distorções na divulgação de informações. A Avipal comunicou não considerar essa mortandade uma crise por estar restrita ao município de Nova Bréscia.
Em nota oficial encaminhada na sexta-feira, a empresa afirmou que as galinhas matrizes que contaminaram os pintos foram isoladas, e as restantes, vacinadas, o que evita por completo o risco de contaminação.
A anemia infecciosa das galinhas só atinge frangos, principalmente pintos com até seis semanas. É um vírus que está no ambiente e atinge o animal naturalmente, causando hemorragia, anemia e problemas imunológicos naqueles contaminados. A única maneira de evitá-la é por meio da vacinação das galinhas matrizes (que botam ovos), que dão proteção total aos animais.
As pessoas não correm risco de contrair a doença, porque a carne que chega às prateleiras é originária de locais inspecionados.
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ZH, 09/07/2007)