Qual a vantagem de plantar cana-de-açúcar? Essa e outras dúvidas sobre a produção canavieira será discutida hoje em Cachoeira do Sul, a partir das 14h, no pavilhão da Capela Divino Espírito Santo, na localidade de Faxinal da Guardinha, distrito de Três Vendas. O evento, promovido pela subcomissão de cana-de-açúcar, álcool e etanol da Assembléia Legislativa contará com a presença de políticos, especialistas no setor e também representantes da empresa Alsol, que está identificando a melhor localização para instalar sua usina de produção de etanol no Rio Grande do Sul.
Segundo o deputado estadual Heitor Schuch (PSB), o objetivo é discutir a produção de cana-de-açúcar como alternativa às lavouras de fumo. O secretário municipal de Indústria e Comércio participará do encontro e entregará aos representantes da Alsol informações sobre Cachoeira do Sul, visando atrair para cá o investimento desta empresa. Segundo o deputado Heitor Schuch, a Alsol está inclinada a colocar sua usina de etanol na região do litoral norte ou na região das missões, já que lá estão as maiores áreas de produção da cana. “Se o problema é a produção, podemos buscar parcerias para tornar Cachoeira do Sul e cidades da região grandes fornecedoras de matéria-prima”, argumenta Homero Tatsch. A busca pelo esclarecimento sobre o cultivo de cana foi uma iniciativa da Cooperativa Mista Faxinal da Guardinha (Coonfag).
EstratégiaAs freqüentes frustrações na comercialização das safras de arroz, soja, milho, fumo e outras cultivares pode ser incentivo ao plantio de cana-de-açúcar. “O mercado dos combustíveis alternativos cresce a olhos vistos. O plantio de cana pode ser uma alternativa de diversificação às lavouras, principalmente no caso do fumo. Antes, porém, precisamos definir a estratégia de inserção e o modelo de produção que queremos, além de pontos fundamentais como os tipos de cultivares adaptadas ao nosso solo e clima, técnicas de produção, logística e gestão”, avalia deputado Heitor Schuch.
ImportanteSegundo levantamento da Câmara Setorial da Cana do Rio Grande do Sul, as lavouras com essa cultivar ocupam apenas 35 mil hectares no estado, com rendimento médio de 28 toneladas por hectare. Essa produtividade representa a metade da média brasileira e três vezes menos do que o verificado em São Paulo, referência na produção canavieira no Brasil. De acordo com a Fepagro, no prazo de 8 a 10 anos o Rio Grande do Sul pode se tornar auto-suficiente em etanol, com a produção de 60 milhões de litros ao dia. Para isso, a área plantada com cana precisaria chegar a 200 mil hectares, com produtividade na casa de 70 mil quilos por hectare.
AtençãoA BR Distribuidora e a empresa gaúcha Alsol firmaram no início deste ano uma parceria para implantar projeto de produção de álcool no Rio Grande do Sul. Diferentemente do que ocorre em São Paulo e no Nordeste, onde predominam grandes usinas, no Rio Grande do Sul o combustível seria produzido por agricultores familiares em pequenas destilarias. Atualmente, o Rio Grande do Sul tem 35 mil hectares plantados com cana, sendo que desses apenas 2,4 mil são utilizados para fabricação de álcool, já que o Estado só tem uma usina, em Porto Xavier.
(Por Giuliano Fernandes,
Jornal do Povo, 09/07/2007)