O prefeito de Florianópolis, Dário Berger, rebateu no fim de semana o despacho do juiz Zenildo Bodnar, da Vara Federal Ambiental, divulgado na sexta-feira, que cria suspeita de que tenha intermediado a criação de uma lei para ajudar hoteleiros em troca de favores.
Berger classificou de "irresponsabilidade grande" a divulgação das gravações que sugerem seu envolvimento com os vereadores cassados Juarez Silveira (sem partido) e Marcílio Ávila (PMDB); garantiu que nem ele, nem o irmão, o deputado federal Djalma Berger, receberam dinheiro do empresário Fernando Marcondes de Mattos, dono do Costão do Santinho, durante as campanhas; disse que ninguém pode ser "condenado precocemente" e que quer "as provas concretas".
O despacho do juiz Bodnar foi encaminhado à CPI da Câmara de Vereadores que averigua suspeitas de favorecimento a grandes empreendimentos imobiliários.
O prefeito falou ao repórter Renato Igor, da Rádio CBN/Diário, da Cidade do Porto, em Portugal, para onde viajou na semana passada em missão oficial.
Lei Complementar 270/2007"A reivindicação deste projeto surgiu no início do meu mandato. Fiz reunião com o ramo (hoteleiro) em Canasvieiras. Foi pedida alteração do enquadramento: pediram para mudar de comercial a residencial, o que diminuiria as alíquotas e eles teriam mais capacidade contributiva de honrar os compromissos com IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano) e ISS (Imposto Sobre Serviços). Não é um projeto de incentivo à hotelaria. É de incentivo para o turismo."
Gravações autorizadas pela Justiça"Não podemos analisar nada sem ter provas. É preciso provar de onde saiu o dinheiro, quem recebeu o dinheiro, onde está a mala do dinheiro. R$ 500 mil não é pouca coisa. Não posso admitir que coloquem no ar uma gravação de uma insinuação que teria sido feita... numa gravação de um grampo telefônico e que não recolheram as provas suficientes para isso ir ao ar."
Doação de dinheiro à campanha"Não recebi doação do (empresário) Fernando Marcondes de Mattos, não participei do comitê financeiro da campanha do meu irmão (deputado Djalma Berger). O Marcondes já deixou claro que não contribuiu com nenhum centavo, nem com a minha campanha nem com a campanha do Djalma. Aliás, quero dizer que nunca tive um bom relacionamento com o Fernando Marcondes de Mattos. Nosso relacionamento é meramente institucional."
Carro usado na campanha"Não foi doação, foi empréstimo. O carro foi entregue ao comitê. Eu usei ele por alguns dias. Não recordo quem emprestou. Sei que tinha um Omega à disposição do comitê. Acho que este assunto é pouco relevante. "
Despacho do juiz"O que o juiz mandou para a Câmara é um relatório da Polícia Federal, e não do juiz. Ele encaminhou para a CPI avaliar. Em cima desse relatório, eu já respondi todas as perguntas. Em segredo de Justiça só está o que não interessa para mim. Há uma ação para prejudicar meu governo."
Declaração de Juarez Silveira"Todos conhecemos a história do Juarez Silveira. Ele fala demais. Cria sensacionalismo. Usa termos que podem deixar margem (de interpretação duvidosa). Uma coisa é falar ao telefone. Outra é provar na prática."
Prejuízo ao mandato"É uma irresponsabilidade muito grande (divulgação sem provas). Este tipo de informação coloca um prejuízo muito grande ao (meu) mandato. Eu repilo veementemente e quero que mostrem provas concretas. Caso contrário, eu vou entrar com ação de danos morais, calúnia e difamação."
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Diário Catarinense, 09/07/2007)