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enseada de tapes
2007-07-07
Alunos da Uergs elaboraram um projeto que visa monitorar e preservar aquele ecossistema, seriamente ameaçado pela poluição, mas falta apoio financeiro para implementá-lo

Vários fenômenos apontam para a ocorrência de problemas ambientais na Enseada de Tapes. Alguns deles podem ser percebidos por toda a população do município. Outros são evidentes apenas a quem mantém contatos específicos com a enseada, caso dos pescadores e de estudiosos de ecologia aquática. A maioria das pessoas, entretanto, desconhece a gravidade da situação. Analogicamente, ela pode ser comparada a uma doença. Quando há algo de errado com nosso organismo, sentimos febre, dor, calafrios. Nosso corpo procura alertar nossa consciência para a necessidade de iniciarmos um combate ao mal que o perturba. Um ecossistema aquático funciona de forma similar. Mudanças nos parâmetros físicos e químicos da água, associadas a alterações na estrutura de comunidades biológicas e a distrofias nos corpos dos animais que habitam determinado local são sinais claros de que, neste local, as coisas não vão bem.

E a ocorrência dos fatos citados acima pode ser facilmente verificada na Enseada de Tapes. Há pouco mais de um ano, uma intensa floração de cianobactérias em nossa Laguna, em plena época de veraneio, nos causou surpresa e constrangimento: os banhistas saíam de nossas águas esverdeados.

Os pescadores do município, conhecedores da ictiofauna da enseada, relatam uma progressiva diminuição na abundância de espécies nativas como traíra, pintado e jundiá, ao mesmo tempo que espécies que não apresentam importância comercial, como maria-luíza e peixe-diabo, são capturadas em grande escala, apresentando superpopulação. A carpa prateada, originária dos grandes rios da China, está habitando a Enseada de Tapes, e não se sabe quais serão as conseqüências de sua presença em nossa Laguna. Nossos peixes podem estar sofrendo deformidades corporais, fato ligado à exposição à poluição.

As causas dessas anomalias ambientais na Enseada de Tapes são conhecidas por todos nós. O despejo do esgoto cloacal sem tratamento, a retirada dos juncos, a poluição das sangas e o uso das águas da enseada na irrigação das culturas de arroz são práticas que ocorrem há décadas, ininterruptamente. Dentre estes exemplos de intervenções, a gerada pela agricultura é particularmente preocupante. Juntamente com a água que é puxada através de bombas para as lavouras, alevinos de espécies nativas são capturados e mortos.

Além disso, durante o retorno à Laguna, mais tarde, esta água que foi bombeada transfere resíduos de herbicidas, fertilizantes e lama a este sistema. Todas essas partículas contribuem para o aumento do nível de eutrofização da enseada, a qual já apresenta baixos níveis de transparência devido a um processo natural de circulação da massa aquática, conforme observado por pesquisadores da UFRGS em 1984.

Um exemplo do que esta situação pode causar a longo prazo é a tragédia ocorrida no Rio do Sinos, há sete meses, em que um aumento anormal no nível de turbidez da água causou a morte de mais de 90 toneladas de peixes. Neste caso, o despejo de efluentes domésticos e industriais eram crimes que fugiam aos órgãos de fiscalização ambiental.

Há anos o rio vinha apresentando sinais de que estava sendo lesado pela ação humana, mas estes passavam despercebidos até a ocorrência do colapso que gerou enormes danos ambientais e socioeconômicos. Agora, empresas da região do Sinos estão adotando meios de tratamento dos resíduos que produzem, e as prefeituras dos municípios próximos ao rio estão trabalhando na criação de planos de tratamento do esgoto cloacal.

Mas, conforme diz o ditado, "prevenir é melhor que remediar". E no caso de Tapes temos motivos para alimentar esperanças de ver a situação revertida. Alunos do Curso Superior de Tecnologia em Recursos Pesqueiros: Produção de Pescado na Uergs elaboraram um projeto de pesquisa que visa conhecer, monitorar e preservar o ecossistema Enseada de Tapes.

O projeto consiste em um levantamento da icitiofauna local, aborda as relações tróficas entre as espécies de peixes e a avaliação da interferência antrópica, e compreende trabalhos de educação ambiental e um plano de uso da micro bacia da enseada. Orçado em R$ 13.175,00, o projeto ainda não foi desenvolvido por falta de apoio financeiro.

Neste momento, em que o mundo todo acorda para a necessidade de se recuperar os prejuízos ambientais, sociais e econômicos causados pela destruição da natureza, a atitude mais sensata a se fazer em relação a nossa Laguna é, portanto, conhecê-la e preservá-la.

Atitudes simples, como não jogar lixo nas ruas e sangas e colocar telas nas bocas dos canos que puxam a água da Laguna podem ser de grande valia para a recuperação deste recurso. A implantação de bacias de decantação e tratamento da água proveniente das lavouras é outra atitude que, além de favorecer os peixes, elevaria o índice de balneabilidade da nossa enseada.

Há mais de 50 anos, Tapes está tentando ser uma cidade turística. O principal passo na busca desta condição deveria ter sido, indiscutivelmente, a preservação do bem que muitos dizem ser o mais precioso do município: a Laguna dos Patos. Mas, apesar dos danos que este recurso já sofreu, ainda temos tempo. Se agirmos com prudência, poderemos promover a Enseada de Tapes como modelo de ecossistema natural recuperado e aproveitado de forma ambientalmente amigável.

(Por Gilson Hoff*, Movimento Ambiental Os Verdes Tapes-RS / EcoAgência, 03/07/2007)
*Gilson Bergmann Hoff é Acadêmico do 5º semestre do Curso Superior de Tecnologia em Recursos Pesqueiros na Universidade Estadual do Rio Grande do Sul - Uergs. 

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