Mudanças climáticas ocasionadas principalmente por causas naturais são uma coisa do passado. Desde que teve início a era industrial, o homem tem tido papel relevante nesse processo, provocando emissão de gases poluentes. Assim a secretária nacional de Mudanças Climáticas e Qualidade Ambiental, Thelma Krug, respondeu os questionamentos do meteorologista Luiz Molion sobre o quarto relatório do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC, em inglês). Para ela, o estudo é verídico “até que se prove o contrário”.
Molion afirmou, em entrevista concedida recentemente à Agência Brasil, que o planeta não passa por um período de aquecimento e que o homem não é o principal responsável pela emissão de gases poluentes.
Thelma Krug afirma que a taxa recente de mudança é “dramática, nas palavras do IPCC”, que a concentração de gás carbônico na atmosfera aumentou 30 partes por milhão (ppm) “em apenas 17 anos” e que 75% desse aumento é representado pela queima de combustíveis fósseis, como petróleo e carvão – portanto, ação humana. O IPCC alertou para o fato de a concentração ter superado 375 ppm.
Em relação à confiabilidade das conclusões do IPCC, a secretária mencionou o fato de até os Estados Unidos terem ratificado o relatório e de os estudos terem sido presididos por uma norte-americana e um chinês, representantes dos dois países que mais poluem a atmosfera. “Foi um trabalho isento, sem viés”.
“Não tem como questionar o aquecimento”, diz Thelma Krug. Para ela, o derretimento da calota polar e o aumento do nível do mar são provas disso. “O que pode até ser questionado são as causas, mas é muito improvável [que o homem não seja o principal responsável]. A taxa muito rápida [de aquecimento] é consistente com a resposta ao aumento dos gases causadores de efeito estufa. Seria inconsistente pensar em causas naturais”.
A secretária reconhece que há outras pessoas “polêmicas” como Molion, mas frisa que “são poucas”. E diz que fica chateada com esse tipo de questionamento, que considera “conspiratório”.
(Por Monique Maia e Julio Cruz Neto, Agência Brasil, 08/07/2007)