Uma equipe de especialistas do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) desenvolveu um projeto que estabelece cálculos para quantificar e compensar emissões de carbono na atmosfera por meio do plantio de árvores. Segundo o engenheiro florestal Márcio Nahuz, a idéia é proporcionar a empresas e organismos diversos o dimensionamento das emissões de carbono em suas atividades e a conseqüente compensação, determinando áreas e espécies de plantios.
A iniciativa, que já tem mais de seis meses, conta com a participação de uma equipe multidisciplinar composta por dez especialistas de diferentes áreas do conhecimento. “Já temos várias propostas de empresas e agências governamentais, entre outras, em análise”, garante o engenheiro, que é professor convidado da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), da USP de Piracicaba e pesquisador sênior da Seção de Sustentabilidade de Recursos Florestais do Centro de Tecnologias Florestais (CT-Floresta) do IPT.
A característica multidisciplinar do grupo, segundo Nahuz, permitiu o desenvolvimento de uma metodologia própria para o dimensionamento e recomendações. O engenheiro explica que o método nada mais é do que uma contabilidade do que se emite na atmosfera em gás carbônico (CO2). “Em qualquer organismo ou setor de atividades, temos condições de realizar um amplo levantamento de todos os setores e calcular o quanto eles podem resultar em emissão de CO2”, diz. O resultado desta estimativa é então transformado quantidade de árvores a serem plantadas para compensar a emissão do gás.
Sêlo de garantiaPara Nahuz, projeto servirá como um importante certificador que comprova que a empresa ou o organismo fornece uma contrapartida à causa ambiental. “Sabemos que esse tipo de iniciativa nos dias atuais é muito importante”, ressalta.
Para melhor explicar a metodologia, o engenheiro cita o caso de uma usina siderúrgica. “Para se estimar em quais setores são emitidos CO2, a equipe multidiscplinar realizaria um extenso levantamento de todas as etapas produtivas e da matéria prima e maquinário envolvido”, descreve. Esta “contabilidade” deve resultar, em princípio, num resultado igual, ou seja, o montante dos materiais e gastos envolvidos em todo o sistema produtivo devem ser igual à somatória do produto final. “O restante, o que fica no meio do caminho, como as escórias e os poluentes resultantes da queima de combustíveis são contabilizados como emissões de CO2”, explica Nahuz. A partir desses cálculos, a equipe recomenda o plantio de árvores, levando em conta a região e área de plantio, indicando até mesmo as espécies ideais.
O engenheiro ressalta que a recomendação do plantio nada mais é do que um aconselhamento. “Mas já que trata-se de um marketing positivo, acreditamos que as recomendações serão seguidas”, diz. Os pesquisadores do IPT já tiveram um resultado positivo da implementação do projeto numa área localizada no Vale do Paraíba, em São Paulo, onde uma ONG assumiu a recuperação de uma área degradada.
Nahuz garante que a medida funciona. “Pela fotossíntese, o carbono é seqüestrado da atmosfera e depositado nas células da planta, resultando no seu crescimento. Quanto mais rápido for o crescimento da árvore, mais carbono será retirado da atmosfera e fixado”, afirma.
Mais informações: (0XX11) 3767-4299, com Márcio Nahuz; e-mail: mnahuz@ipt.br
(Por Antonio Carlos Quinto,
Agência de Notícias USP, 08/07/2007)