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Greenpeace emissões de gases-estufa emissões de co2
2007-07-09


Os custos com eletricidade podem ser reduzidos em até dez vezes a partir de 2030 caso aconteça a transição da atual matriz energética global para fontes renováveis amparadas por medidas de eficiência energética. Essa é a conclusão do novo estudo do Greenpeace e do Conselho Europeu de Energia Renovável (EREC), lançado nesta sexta-feira em Amsterdã e Bruxelas. O relatório “Investimentos Futuros – plano sustentável no setor elétrico para salvar o clima” mostra como reduzir pela metade as emissões de CO2 e ainda economizar cerca de US$ 180 bilhões por ano.

O novo relatório faz uma projeção financeira global até 2030 que compara os custos da eletricidade mantendo-se o cenário atual, baseado em energia fóssil e nuclear, a um cenário de [R]evolução Energética, estruturado em torno de fontes renováveis. O estudo com foco em finanças é um complemento do relatório [R]evolução Energética, lançado em janeiro de 2007, que apresentou um caminho para cortar 50% das emissões de CO2 até 2050 mantendo-se o crescimento econômico e suprindo a demanda energética global.

“Economizar US$ 180 bilhões por ano é um forte argumento econômico para substituir as atuais fontes de combustíveis fósseis e nuclear por alternativas limpas e renováveis. Porém, para viabilizar esse cenário, os investimentos em renováveis devem começar agora!”, afirma Ricardo Baitelo, especialista em energia do Greenpeace no Brasil.

Segundo os cálculos do relatório, seria necessário um investimento anual global extra de US$ 22 bilhões em energia renovável para a implantação do cenário de [R]evolução Energética. Este investimento inicial seria amortizado com a redução de custos a partir de 2030. Para os autores do estudo, se os atuais US$ 250 bilhões anuais gastos em subsídios ao carvão e gás natural fossem realocados para o setor de renováveis, haveria recursos mais do que suficientes para efetuar a transição para a matriz de [R]evolução Energética.

De acordo com dados do Conselho Europeu de Energia Renovável (EREC), em 2006, o mercado global para turbinas eólicas valia US$ 18 bilhões, e a indústria de renováveis US$ 50 bilhões. No cenário da [R]evolução Energética, este setor alcançaria US$ 288 bilhões em 2030. “O setor de renováveis tem todas as condições tecnológicas para suprir a demanda crescente de eletricidade do mundo. O que falta é vontade política. Para evitar o caos climáticos, as decisões sobre estes investimentos deverão ser tomadas nos próximos anos”, disse Oliver Schäfer, diretor de políticas do EREC.

Em contraste, manter a atual matriz energética lança uma nuvem negra para o futuro, alerta o estudo. Seriam necessárias mais de dez mil novas usinas movidas a combustíveis fósseis para suprir a demanda global, o que implicaria aumento de mais de 50% das emissões de CO2 e a duplicação dos custos dos combustíveis. (1) Outro fator importante é que, na próxima década, muitas usinas a carvão e nuclear chegarão ao fim de sua vida útil e deverão ser substituídas. Os países emergentes como Brasil, a China e a Índia terão que expandir rapidamente sua infra-estrutura e parques energéticos.

“A questão financeira é fundamental e decisões importantes estão acontecendo também no Brasil. O governo Lula, ao decidir construir a usina nuclear Angra 3, opta por investir mais de R$ 7 bilhões em uma tecnologia perigosa e ultrapassada. Se a mesma escala de investimento fosse direcionado às tecnologias renováveis como eólica, o Brasil poderia dar um salto de qualidade e assumir a vanguarda da energia limpa mundial. Os recursos públicos gastos na energia nuclear poderiam gerar, em menos tempo, o dobro da quantidade de energia se fossem investidos em eólica e quatro vezes mais energia se fossem investidos em eficiência energética”, critica Ricardo Baitelo.

O relatório Revolução Energética Brasil, lançado pelo Greenpeace, em parceria com o Grupo de Engenharia de Energia e Automação de Elétricas da Escola Politécnica da USP em fevereiro de 2007, mostra que é possível eliminar a energia nuclear e as térmicas a carvão e óleo combustível da matriz elétrica nacional, alcançando uma geração 88% renovável e agregando economia anual de R$ 117 bilhões através de medidas de eficiência energética.
(O dia, 07/07/2007)


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