Os meios de cultivo e produção de diversos artigos de exportação agrícola no Brasil ainda permanecem não esclarecidos ou, na maioria das vezes, irregulares. Com o açúcar não poderia ser diferente. Produto polêmico desde a primeira aparição dos portugueses no País, ele já foi razão de guerras e conflitos, e continua provocando desavenças.
Em Bruxelas, Hungria, para tentar vender o que hoje é o bibelô da produção nacional, o bioetanol, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi advertido pela Comissão Européia de que os países que a compõem não comprarão o etanol brasileiro caso sua produção tenha alto custo social e ambiental.
Por custo social, entende-se que a produção de açúcar, fundamental para a produção do bioetanol, é feita, no Brasil, de maneira irregular, utilizando parte do território da floresta Amazônica – o qual deveria ser prioridade de preservação – como terra produtiva e fazendo uso de trabalhadores em condições sub-humanas ou mesmo escravistas.
De acordo com o comissário europeu de comércio, Peter Mandelson, a Europa deve estar preparada para importar grande parte do biocombustível que pretende consumir, já que a produção de carvão do continente é muito fraca, impossibilitando a transformação do açúcar em etanol e abrindo as portas à produção brasileira. No entanto, os países da UE ficam com o pé atrás com o produto brasileiro devido às diversas acusações de que as práticas de cultivo adotadas pelo país são prejudiciais também ao meio ambiente.
Por causa disso, Lula fez questão de assegurar pessoalmente que seu governo tomará conta do biocombustível que será exportado, como forma de tranqüilizar a UE e ele ainda explicou esse tipo de negociação representa uma boa oportunidade para países sem recursos capitais.
O Brasil, líder na fabricação, de etanol, produziu em 2005 cerca de 13 milhões de toneladas de biodiesel, o que contribuiu para a geração de 4,5 milhões de empregos, diretos e indiretos. O interesse da União Européia no etanol brasileiro tem como um dos principais motivos as novas leis em defesa do meio ambiente que entrarão em vigor até o ano de 2020.
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Terra, 07/07/2007)