A Comissão Científica do Equador, integrada por sete cientistas do país, concluiu que as fumigações aéreas com o herbicida glifosato sobre as plantações de coca no lado colombiano da fronteira com o Equador causam danos à parte equatoriana. Os dados da pesquisa estão no informe intitulado "O sistema das aspersões aéreas do Plano Colômbia e seus impactos sobre o ecossistema e a saúde na fronteira equatoriana", apresentado ontem (2) às autoridades equatorianas, entre elas, o presidente da República, Rafael Correa, e a ministra das Relações Exteriores, María Fernanda Espinosa.
Após tomar conhecimento do informe, a ministra das Relações Exteriores anunciou que entrará com um processo contra a Colômbia no Tribunal Internacional de Haya para denunciar os efeitos provocados pela campanha colombiana de erradicação das plantações ilícitas. O presidente Rafael Correa engrossou o coro e advertiu que seu país lutará para garantir a saúde dos equatorianos na fronteira norte. Correa exige a suspensão definitiva das fumigações.
O documento dos cientistas ratificou os argumentos de Quito e da Organização das Nações Unidas (ONU), enquanto contradisse o governo da Colômbia e sua Comissão Científica. A ministra afirmou que esse informe será somado ao do relator Especial para a Saúde das Nações Unidas que havia visitado o Equador há algumas semanas, além de outras centenas de contribuições científicas de todo o mundo. Segundo Espinosa, esses documentos serão elementos-chave que vão justificar e alimentar a posição equatoriana de pedir à Colômbia a suspensão definitiva das aspersões.
O Equador solicita o estabelecimento de uma área de segurança numa faixa dentro do território colombiano a 10 quilômetros da fronteira com o país e que se suspenda nessa zona as fumigações baseados no princípio de precaução, regido em acordos internacionais. O informe havia sido enviado à Comissão Científica Binacional, criada para estudar o problema das fumigações, na primeira semana de junho. A Comissão, constituída em 10 de abril de 2007 em Quito, se reunirá em Bogotá na próxima quinta-feira (5).
O Plano Colômbia foi concebido com o propósito geral de diminuir o tráfico de drogas e resolver o atual conflito armado que ocorre na Colômbia. O Plano foi idealizado em 1999 pelos presidentes Andrés Pastrana Arango, da Colômbia, e Bill Clinton, dos Estados Unidos. A crítica maior feita a esse acordo diz respeito a estratégia de fumigações para erradicar o cultivo de coca. Os críticos também alegam que parte da ajuda do Plano vem para as forças de segurança que estão comprometidas com grupos paramilitares em abusos contra setores da população e organizações de esquerda.
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Adital, 03/07/2007)