O plano de reorganização societária anunciado pela Cosan na semana passada é a “semente para a criação de uma multinacional com DNA brasileiro” no setor de açúcar e álcool, disse ontem o diretor-vice-presidente financeiro e de relações com investidores da empresa, Paulo Diniz. “Do ponto de vista estratégico, a Cosan Limited (empresa que será criada) acessará de maneira ágil e a custos competitivos os principais mercados fornecedores e consumidores”, disse o executivo em teleconferência.
A Cosan Limited, que será listada na Bolsa de Nova York, atuará apenas no mercado internacional, segundo Diniz. Entre os mercados fornecedores e consumidores de cana-de-açúcar, açúcar e etanol citados pelo executivo como possíveis alvos de investimentos da nova empresa estão México, Estados Unidos, Austrália, África do Sul e Europa, entre outros.
O executivo também afirmou que a Cosan S/A permanecerá como veículo de investimento no Brasil. Para viabilizar recursos para a subsidiária brasileira, Diniz explicou que a Cosan Limited poderá realizar aumento de capital, operação de mútuo - negociação entre empresas coligadas - ou uma combinação de ambos. “No caso do aumento de capital, serão observadas as garantias de direito de preferência dos acionistas”, disse.
Segundo Diniz, esse modelo evitará que haja conflitos de interesse entre a Cosan S/A e Cosan Limited. O executivo também deixou claro que esse não é objetivo da operação. “A idéia não é que a Cosan Limited absorva o valor da Cosan S/A e sim criar um valor adicional com a operação internacional, que o veículo atual não dispõe hoje.”
ProteçãoSegundo Diniz, o plano de reorganização societária também visa proteger o controle de Rubens Ometto nessa fase de crescimento da Cosan. De acordo com Diniz, Ometto é considerado um administrador-chave no processo de crescimento do grupo. “Isso era claro antes da adesão ao Novo Mercado (da Bovespa) e continuará assim”, disse.
O executivo reconheceu que a companhia chegou a avaliar uma captação de recursos via Novo Mercado para seus planos de expansão, mas essa alternativa colocaria em risco o controle de Ometto. “Com isso, procuramos encontrar maneiras legítimas para alavancar o grupo sem afetar os acionistas”, justificou.
Apesar disso, Diniz descartou qualquer hipótese de que os acionistas minoritários estariam desprotegidos com a operação. Segundo ele, o estatuto social da Cosan Limited garante direito de venda conjunta em caso de alienação e mecanismo de proteção de dispersão acionária. Ele também negou que a operação teria como objetivo viabilizar uma venda da Cosan para outras empresas. “A Cosan não está à venda. Qualquer notícia sobre isso é especulação”, disse. “A proposta não permite que o atual controlador capture para si o prêmio da alienação de sua participação.”
(Por Wellington Bahnemann,
Estado de S. Paulo, 06/07/2007)