Rejeitado pela mãe aos dois dias de vida, o pequeno Ali é o xodó do Hospital Veterinário do Zoológico de Sapucaia do Sul. Para suportar a baixa temperatura, ganhou uma pequena coberta e está sempre ao lado de um aquecedor. Só é retirado da sala de cirurgia - um dos locais mais quentes do hospital - para tomar sol.
Aos sete meses, o macaco-aranha não é o único que precisa de atenção redobrada durante o inverno. Alimentos mais calóricos do que o habitual e reforço de cana-de-açúcar para herbívoros, como zebras, elefantes ou hipopótamos, são formas de garantir aquecimento natural aos animais mais resistentes ao frio. Já bichos mais sensíveis, como pequenos primatas e répteis originários de regiões de clima quente, só resistem a temperaturas inferiores aos 12ºC com aquecimento artificial, como calefação, lâmpadas e chapas quentes.
A atenção necessária a esses animais alterou a rotina no zôo desde o final do outono. Diariamente, os tratadores fazem uma vistoria nos equipamentos que aquecem pelo menos 40 animais. Trocam lâmpadas queimadas, verificam fiação e temperatura. No recinto dos primatas, os aquecedores a óleo são desligados por volta das 8h. Para evitar um choque térmico, os animais permanecem presos por pelo menos uma hora. Só depois é que podem sair da sala aquecida, para aproveitar o calor do sol. Se o dia está muito frio, explica o tratador Fabiano Maciel, é preciso esperar mais para soltar os animais. Por volta das 16h30min, a calefação volta a ser ligada.
- Animais de regiões de clima temperado ou tropical são sensíveis ao frio. Morrem se não tiverem aquecimento artificial, principalmente se não estão em grupo - explica o veterinário Claudio Giacomini.
É o caso da jibóia, que prefere ficar sobre uma chapa quente coberta por serragem e embaixo de uma lâmpada a circular pelos 30 metros quadrados de área que tem disponível.
- Se a gente sofre com esse frio danado, os animais sofrem até mais. Se eles estivessem na natureza, iriam se proteger em árvores ocas ou folhas, mas, aqui, cabe a nós darmos a proteção - acrescenta Giacomini.
Bem agasalhada, a estudante de São Leopoldo Abigail Eleutério, 12 anos, tenta explicar as razões pelas quais é preciso cuidado com os animais durante o inverno.
- Acho que todos sentem muito frio, mesmo aqueles com pêlos, como o leão - refletiu, enquanto observava a iguana.
(Carla Dutra,
ZH, 05/07/2007)