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amazônia
2007-07-06
Um grupo de moradores de Apiacás não gostou da "visita" de integrantes da Ong WWF, na terça-feira (03/07), durante as comemorações dos 19 anos da cidade e estendeu uma faixa com os dizeres "Fora WWF".  A manifestação desagradou ao governador Blairo Maggi que também visitava a cidade no momento.  O clima ficou um pouco tenso, mas a situação acabou sendo contornada rapidamente, após um pedido feito pelas autoridades, para que a faixa fosse retirada do local.

Discurso - O governador Blairo Maggi teve como "platéia", durante o seu discurso, um grupo de jornalistas alemães e não perdeu tempo, cobrando dos organismos ambientais que ajudem a "pagar a conta" da preservação ambiental.

Maggi lembrou que a colonização da região não teve muitas alternativas econômicas e se viu obrigada a "avançar na floresta e usar dos recursos naturais que eram oferecidos", mas salientou que esta fase já terminou.  "Agora está cientificamente comprovado, que os problemas ambientais que nós temos são problemas sérios e que se não nos afetam hoje, ou se nos afetam pouco hoje, afetarão muito no futuro aos nossos filhos, aos nossos netos e quem sabe a humanidade", disse Maggi enquanto era acompanhado atentamente pelos ativistas da WWF.  "Todos nós temos a responsabilidade ambiental", declarou, para em seguida emendar, "quem vai pagar esta conta, como vamos organizar esta conta?".

Blairo Maggi defendeu que o governo de Mato Grosso pode fazer um compromisso com o mundo de ter um "desmatamento zero", mas que para isso é preciso que se encontre uma alternativa econômica para a população.  "Nós temos uma proposta muito clara, de que o mundo precisa ajudar a manter as florestas em pé", disse, convocando os organismos e os governos internacionais a realizar um programa onde os produtores sejam pagos para manter a floresta intacta.  O governador lembrou que, pela legislação atual, cada proprietário pode derrubar 20% de suas propriedades para fins comerciais, sem temer a ação da fiscalização, mas que até mesmo as derrubadas nessa área podem ser evitadas.  "Que cada proprietário que não desmate, receba um 'x' por ano pra fazer o serviço ambiental.  Cada produtor desta região irá se transformar num fiscal do meio ambiente.  Ninguém vai ter de mandar uma equipe pra cá pra fazer fiscalização", declarou.

Para os ativistas da WWF, o discurso de Maggi foi "muito bem vindo, no sentido da preocupação ambiental", avaliou Marcos, o representante da ong para Mato Grosso.  "Nossa posição é estar aberto ao diálogo no sentido de estar fomentando alternativas econômicas mais coerentes com a natureza", disse, mostrando a preocupação com a busca por alternativas econômicas que tenham respeito com o meio ambiente.  "Foi bom escutar este discurso dele, acho que a questão de mudanças climáticas hoje deu uma requentada nas discuções ambientalistas", decalrou.

Quanto ao "desmatamento zero" proposto por Blairo Maggi, Marcos disse que "esse é um grande desafio" e que é necessário uma mudança significativa de "visão de mundo".  Meio incrédulo, o ativista não contrariou o discurso, mas achou que é um "desafio enorme conseguir ter um desmatamento zero" (...) isso tá longe do controle dele porque isso é uma visão de sociedade, uma mudança como o iluminismo foi pra Idade Média, seria para nós uma mudança de paradigma de sociedade.  Eu acho possivel mas é um desafio enorme, enorme, enorme", reforçou.

Ao atender a imprensa, o governador Blairo Maggi disse que "desmatamento zero" era apenas uma forma de expressão.  "Zero você nunca vai ter, porque as pessoas têm sempre a liberdade e a opção de usar seus recursos naturais, pelo menos em 20% de suas terras para outras atividades que não sejam da preservação ambiental.  Agora, eu penso que é possível nós corrermos atrás desta meta se nós envolvermos as comunidades, os produtores rurais que são donos destas terras, dando a eles uma renda que seja compatível com aquilo que está aberto.  Aí nós teremos os próprios produtores como agentes ambientais tendo o maior interesse na preservção da floresta porque aquilo está lhe rendendo alguma coisa", disse Blairo Maggi.  "Se temos que fazer nossa parte na questão do aquecimento global, e temos que fazê-la, mas também não podemos abandonar à própria sorte as pessoas que vivem aqui em Apiacás e toda a região que vieram atrás de um sonho (...) então nós temos que equacionar, como é que nós damos o desmatamento zero e como é que nós damos a estas pessoas a oportunidade de crescerem economicamente e socialmente", fanalizou o governador

(Só Notícias, 05/07/2007)


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