O sonho de abertura do corredor de exportação até o Oceano Pacífico tornou-se mais real na quarta-feira (04/07)Com a presença do presidente do Peru, Alan Garcia Marquez; do governador do Acre, Binho Marques (PT); da ministra peruana dos Transportes, Verônica Savala; e das várias outras autoridades dos dois países foi inaugurado o primeiro trecho da rodovia que unificará, por meio da economia, as duas nações.
A solenidade aconteceu na cidade peruana de Ibéria (60 qiolômteros de Assis Brasil), fronteira Brasil-Peru. Empolgado com a festa, o presidente peruano, quebrou o protocolo, cumprimentou seu povo, determinou que a faixa de isolamento que havia entre a multidão que o aguardava e o palanque das autoridades fosse retirada. "Eu gosto de estar no meio do povo", disse Alan Garcia, em um trecho de seu discurso.
A rodovia que liga a cidade brasileira de Assis Brasil ao corredor de exportação, chamado de Transoceânica, custou aos cofres peruanos, com o consórcio de empresas liderado pela brasileira Norberto Odebrecht e a peruana Conirsa, nesse primeiro trecho, US$ 100 milhões, onde trabalharam 3.260 operários, entre homens e mulheres.
O próximo trecho, de 168 quilômetros, que está em obras e que ligará Ibéria a Puerto Maldonado, tem previsão para ser concluído em 2009. Toda a obra, pelos cálculos do governo peruano, estára finalizada em 2010, quando os 1,7 mil quilômetros até o porto de San Juan de Marcona estarão 100% pavimentados.
Todo o pacote de obras consumirá US$ 810 milhões, recursos obtidos com a Cooperação Andina de Fomento (CAF) e com o Banco Nacional d Desenvolvimento Econômico e Social( BNDES).
A Rodovia Transoceânica corta oito Estados peruanos, onde a agricultura é praticada em grande escala, mas os vizinhos não escondem a ansiedade de verem no mercado local os produtos brasileiros, principalmente, a carne e a madeira do Acre
Presidentes de entidades acreanas se empolgam com a obraNa comitiva brasileira que foi ao Peru a convite da Presidência da República peruana, estavam o secretário de Planejamento, Gilberto Siqueira; o secretário de Turismo, Cassiano Marques; o presidente da Aleac, Edvaldo Magalhães (PC do B); o presidente da Acisa, Adem Araújo; das Federações da Agricultura, Assuero Veronez; e da Industria João Salomão.
Os que falaram sobre o início da abertura do corredor de exportação até o Pacífico não esconderam a empolgação. US$ 100 milhões foram gastos neste primeiro trecho de asfalto da rodovia
Binho destaca parceria entre os paísesO governador Binho Marques, única autoridade brasileira que ocupa cargo no Executivo convidada para a solenidade, elogiou o esforço do governo peruano e destacou a parceria entre os vizinhos e o governo brasileiro. O governo federal, aliás, tem participação fundamental nas obras de conclusão da Transoceânica. O primeiro grande passo foi a construção da ponte binacional na fronteira entre os dois países em Assis Brasil.
O governador acreano disse que a inauguração do primeiro trecho da rodovia representa o início do intercâmbios econômico entre as duas nações que já mantêm relações comerciais. Binho disse que é preciso manter o trabalho e o esforço para que o cronograma da obra seja executado.
"Hoje, a gente vê algo que pouca gente imaginava. A ligação com o Pacífico está mais perto e ficará ainda mais a partir da conclusão dos outros trechos. Eu acredito que até 2010, teremos o corredor de exportação totalmente concluído, e nossas empresas exportando e gerando emprego e renda para o Acre", finalizou.
Alan Garcia enaltece governo acreanoO discurso do presidente peruano, Alan Garcia Marques, teve dois pontos distintos. No primeiro, ele convocou seu povo para ser unir na luta para a construção da rodovia. Criticou os opositores do governo e disse que, até o último dia de seu mandato, irá trabalhar para diminuir a desigualdade social no Peru.
Em outro trecho, falou da importância do intercâmbio econômico com o Brasil por meio do Acre, Estado que considerou fundamental para a exploração do corredor de exportação dos Andes.
"Esta é uma obra de dimensões enormes que não só implica 60 quilômetros de rodovia, mas que vai permitir uma possibilidade econômica para a região. A estrada vai gerar crescimento, emprego, desenvolvimento. Esperamos que esta região cresça e queremos ver os irmãos acreanos crescendo conosco. Governador Binho Marques, hoje selamos aqui um pacto pelo desenvolvimento entre o Brasil e o Peru. Isso é um gesto que ficará cada vez maior", disse o presidente.
As palavras do governante peruano foram reforçadas pelo ministro peruano da Agricultura, Ismael Benevides, e pela ministra dos Transportes, Verônica Zavala, que também frisaram a importância de ter o Acre como parceiro nessa exploração do mercado importador.
US$ 810 é quanto está orçado o total da obra, que cortará oito Estados peruanos"Isso é um sonho que a gente tinha e está se concretizando. Essa estrada vai representar para o setor o aumento da produção para atingir o Peru e o mercado asiático. Vai ser usada como corredor para exportação via Pacífico. Eu estou muito otimista com essa nova geografia econômica que vai alavancar vários setores da economia acreana." Assuero Veronez
"Já existem negócios entre empresas acreanas e peruanas. A partir de agora, as esperanças são de exportar a carne e a madeira do Acre para a Àsia, com a conclusão da estrada." Adem Araújo
(Por Jairo Barbosa,
A Tribuna, 05/07/2007)