A desocupação dos canteiros da transposição deve estar acontecendo nesse momento. Ontem pela noite houve cerco à área pela PM do Pernambuco, o que dificulta qualquer comunicação. Entretanto, ontem de noite as coisas voltaram a se complicar para o governo. Deputados de Brasília - através de Hiram Barbosa - denunciaram a ação da polícia militar estadual que cercara a área e não permitiam mais entrada e saída das pessoas. O Ministério Público também já telefonara para as instituições de segurança alertando a ilegalidade e truculência do ato.
Cedo estive com D. Dimas, secretário da CNBB. Mesmo a CNBB não podendo tomar posição à respeito da transposição por causa da posição dividida dos bispos, disse que a questão indígena tem que ser respeitada. Temos aí um bom indício.
Estive com o deputado Hiram Barbosa na presidência da FUNAI. Quando viu a liminar, onde o juiz exige a presença da FUNAI na reintegração, o presidente ordenou ao pessoal de Pernambuco que cumprisse a liminar e estivesse junto com os policiais federais hoje cedo. A orientação era negociar a saída, mas depois - agora é posição da FUNAI - tomar toda questão indígena a sério, desde a fazenda reivindicada pelos índios onde passa o canal, até o impacto das bombas nas águas do braço do rio que abastece as comunidades indígenas, tanto em termos de qualidade de água, pesca, barulho, etc. Portanto, a questão indígena se consolidou.
O temor manifesto de todos - inclusive do presidente da FUNAI - é a violência da PM pernambucana que poucos anos atrás matou dois índios Trukás. Portanto, vamos rezando por uma reintegração pacífica e nos preparando para as lutas futuras. Como nos disse nosso irmão Leonardo Boff, "o governo deve pagar caro por seu autoritarismo". Sobre a audiência na Câmara a respeito do Atlas do Nordeste - muito boa - falo depois.
(Por Roberto Malvezzi - Gogó *,
Adital, 04/07/2007)
* Agente Pastoral da Comissão Pastoral da Terra (CPT)