Unidos pelo desejo de recuperar a vegetaçăo da mata ciliar da Lagoa do Parque de Pituaçu, moradores, voluntários e a Polícia Ambiental plantaram, ontem (04/07), mil mudas de espécies florestais nativas e frutíferas de mata atlântica como caju, jenipapo, cajá, abacate e jamelăo. Daqui há quatro anos, os frutos já poderăo ser colhidos e as árvores já estarăo realizando sua funçăo ecológica de proteger a Barragem de Pituaçu. Os envolvidos com o mutirăo pretendem plantar até o final do ano cerca de dez mil mudas. A açăo decorre da parceria da Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Semarh), órgăo que administra o parque através da Diretoria de Biodiversidade, e a Embasa.
Com uma muda de abacate nas măos, a moradora da regiăo Mariete Rocha, 80 anos, fez questăo de se agachar, ainda que com dificuldade, e pôr a planta na terra. “Estou alegre e satisfeita. Năo vejo a hora dessas plantinhas se transformarem em árvores para nos dar sombra e muitos frutos”, disse a idosa. Ao lado dela, a pequena Luana Nascimento, 6 anos, também dava sua parcela de contribuiçăo enquanto plantava uma muda de cajá. “Planta é natureza e nós temos que cuidar dela por que dependemos das árvores para viver”, ensina a pequena que saiu de Patamares, onde mora, para visitar o parque.
A participaçăo da comunidade em açőes que visam a preservaçăo do parque tem sido efetiva, garantiu o coordenador social do local e representante da comunidade, Alberto Peixoto. Segundo ele, o reflorestamento sempre foi um desejo dos moradores da regiăo. “A única coisa que fizemos foi distribuir um panfleto convidando as pessoas a virem plantar. A populaçăo local sempre participa de iniciativas como essa”, afirmou satisfeito.
Aquecimento - O coordenador de eventos do parque, Marcell Moraes, explica que a iniciativa além de contribuir para a diminuiçăo das conseqüęncias do aquecimento global, visa a integraçăo da comunidade ao parque. “Săo simples atividades como essa que ajudam a amenizar graves problemas ambientais com o efeito estufa, o desmatamento, a poluiçăo atmosférica e principalmente o aquecimento global”, assinalou Moraes.
O aquecimento global é um fenômeno climático que vem elevando a temperatura média do planeta nos últimos 15 anos, resultante do efeito estufa, fenômeno provocado pelo excesso de gases como dióxido de carbono (CO2) e o metano, que terminam aquecendo a superfície da Terra em índices acima do normal.
A bióloga Isabela Rodrigues reside no bairro da Boca do Rio há oito anos e, desde entăo, abraçou a causa de defender o Parque de Pituaçu. Ela afirma que a comunidade năo pode deixar que a degradaçăo tome conta do local. “Esse lugar é a nossa história e năo pode se acabar como está acontecendo com o Parque Săo Bartolomeu”, exemplificou a bióloga. A área do parque tem cerca de 450 hectares, com remanescentes de mata atlântica e inúmeras árvores frutíferas, a exemplo de mangueiras, cajueiros, goiabeiras, além de dendezeiros, coqueiros e palmeiras diversas.
O parque é formado ainda por colinas de até 50m acima do nível do mar e uma lagoa com 200 mil metros quadrados, além de uma extensa fauna com espécies diversas de mamíferos, pequenos roedores, cobras e mais de 20 diferentes aves. “Năo podemos deixar tudo isso ser destruído, precisamos cuidar do nosso parque”, reforçou a bióloga Isabela Rodrigues.
(Por Camila Vieira,
Correio da Bahia, 05/07/2007)