Os biocombustíveis devem ocupar "um lugar de destaque numa estratégia planetária de preservação do meio ambiente", afirma o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em artigo publicado nesta quinta-feira (5) pelo jornal francês "Libération".
Lula faz uma defesa inflamada dos biocombustíveis e explica as vantagens sociais, trabalhistas, econômicas e ambientais que eles podem gerar no Brasil.
O presidente participa nesta quinta-feira, em Bruxelas, de uma conferência internacional sobre biocombustíveis. Também estará no evento o atual presidente da União Européia, o primeiro-ministro português, José Sócrates.
Lula, que esteve ontem em Lisboa para a primeira cúpula União Européia-Brasil, diz ao "Libération" que o mundo enfrenta um duplo desafio.
"Como obter a segurança energética sem causar desequilíbrios ambientais? Como reduzir os modelos de consumo não sustentáveis dos países industrializados e atingir, ao mesmo tempo, as aspirações ao bem-estar dos povos dos países pobres?", pergunta.
"O programa brasileiro de biocombustíveis, testado e aprovado há 30 anos, mostra que temos à nossa disposição uma resposta promissora à questão, que envolve a segurança nacional e de todo o planeta", responde em seguida.
Ele destaca a redução de 40% do consumo e importação de combustíveis fósseis no Brasil com o uso do álcool. Além disso, afirma que o país evitou a emissão, desde 2003, de mais de 120 milhões de toneladas de carbono.
"O potencial da biomassa supera a criação de energia limpa e renovável", diz Lula.
Após explicar as vantagens de criação de empregos, a redução do êxodo rural e do desflorestamento com o desenvolvimento dos biocombustíveis, o presidente nega que o programa ameace a produção de alimentos. O cultivo de cana para etanol ocupa somente "em torno de 2% das terras cultiváveis do país", calcula.
A força dos programas brasileiros de biocombustíveis está em fazer parte de "uma estratégia integrada de proteção ambiental, centrada no desenvolvimento sustentável do país em termos econômicos, sociais e ambientais", destaca.
Ao explicar que o Brasil defende o "esforço conjunto para a difusão da revolução das biomassas", afirma que os acordos com os Estados Unidos e países europeus prevêem o lançamento na América Central, Caribe e África de projetos triangulares. O objetivo é levar a tecnologia brasileira às boas condições meteorológicas e de terras de outras regiões.
"Todos sairemos ganhando. Os países em desenvolvimento criarão emprego e renda para as populações marginadas, além de divisas para dinamizar suas economia. Os países industrializados terão acesso a fontes de energia limpa a preços competitivos, em lugar de investir em inovações caras para tornar os combustíveis convencionais menos poluentes", propõe.
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G1, 05/07/2007)