A temperatura média no
Tibete nos primeiros quatro dias de Julho situou-se cinco graus acima da
temperatura média nos últimos anos, alerta a imprensa estatal chinesa, que
responsabiliza o aquecimento global pelas altas temperaturas. A temperatura em
Lhasa, capital do Tibete, atingiu os 29 graus na segunda-feira, a temperatura
mais alta em 30 anos no mês de Julho, segundo dados da estação meteorológica da
região que a agência noticiosa oficial chinesa Nova China divulga.
«O aquecimento global
diminuiu a espessura da camada de gelo no planalto Qinghai-Tibete entre quatro
e cinco metros nos últimos 50 anos», diz a Nova China. Os glaciares do
planalto, um barómetro das condições climáticas mundiais, derreteram a uma taxa
média anual de 131,4 quilómetros quadrados nas últimas três décadas.
A situação, segundo os
dados oficiais chineses, tenderá a piorar, uma vez que os termómetros no Tibete
registaram em 2007 o terceiro Inverno quente nos últimos sete anos, com um
aumento de temperatura de nove graus acima da média. Apesar das autoridades
reconhecerem as consequências do aquecimento global no país, o governo chinês
continua a recusar quaisquer metas para a redução de gases de efeito estufa
(GEE), causadores do aquecimento global.
A posição chinesa defende
que o aquecimento global resulta das emissões de GEE durante dois séculos de
industrialização nos países desenvolvidos, sendo por isso injusto estabelecer
metas quantitativas de emissões para os países em vias de desenvolvimento, o
maior dos quais é a China.
As pressões para que a
China tenha um maior papel no combate às alterações climáticas têm vindo a
intensificar-se, em especial após a recente divulgação de um estudo no qual a
Agência Internacional de Energia (AIE) conclui que a China deverá ultrapassar este
ano os Estados Unidos e tornar-se o maior emissor mundial de GEE.
Uma investigação que o
governo holandês divulgou no mês passado refere mesmo que a China ultrapassou
em 2006 os Estados Unidos como maior emissor mundial. A China constrói por
semana duas novas centrais energéticas a carvão, que assegura dois terços das
necessidades energéticas do país mas é também a fonte energética que mais gases
de efeito de estufa emite para a atmosfera.
Em 2006, a China emitiu 5,6
mil milhões de toneladas de GEE, enquanto os EUA emitiram 5,9 mil milhões de
toneladas, segundo cálculos da AIE, que prevê que em 2007, a China emita seis
mil milhões de toneladas, enquanto os Estados Unidos manterão os níveis de
2006.
(Diário Digital / Lusa,
05/07/2007)