A preservação de um dos principais santuários ecológicos marinhos do país ganhou reforço financeiro. O Instituto Chico Mendes, vinculado ao Ministério do Meio Ambiente, e a Fundação SOS Mata Atlântica assinaram nesta quarta-feira (04/07) um acordo de cooperação para melhorar a vigilância sobre o Atol das Rocas, na costa do Nordeste.
Recife em formato de oval com 2,5 quilômetros de largura e 3,7 quilômetros de comprimento, o atol fica a 260 quilômetros a leste de Natal (RN) e é a primeira unidade de conservação marinha criada no Brasil. O local abriga um grande número de aves marinhas, peixes e crustáceos, como a lagosta. Além disso, o atol é lugar de desova e de alimentação de pelo menos duas espécies de tartarugas marinhas.
Pelo acordo, a Fundação SOS Mata Atlântica repassará, pelos próximos três anos, recursos de um fundo privado para o Instituto Chico Mendes implementar o plano de manejo do atol e intensificar a proteção do local, que recebe apenas pesquisadores e fiscais ambientais. A cooperação prevê apenas o repasse financeiro. A gestão do dinheiro e as ações ambientais continuarão exclusivamente nas mãos do governo.
Formado apenas por doações de pessoas físicas, o fundo privado, batizado de Amigos de Rocas, tem R$ 2,1 milhões aplicados em investimentos. Os rendimentos desses recursos serão revertidos em favor do meio ambiente.
“A gente procurou o Ministério do Meio Ambiente e constatou que o total de recursos gastos para preservar o Atol das Rocas [em torno de R$ 450 mil por ano] atende apenas a 40% das necessidades do local”, explicou o presidente da Fundação SOS Mata Atlântica, Roberto Klabin.
Segundo Klabin, para proteger integralmente o atol, o fundo precisaria contar com R$ 4 milhões. “Nós não estamos com a quantia ideal, mas o que arrecadamos já representa uma ajuda considerável ao poder público”, completou.
A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, que participou da assinatura do contrato, afirmou que o acordo significa um novo padrão nas relações entre o governo e o setor privado. “Até bem pouco tempo, a maior parte dos recursos de doação vinha de organismos e empresas internacionais. É recente o processo da iniciativa privada dentro do nosso país fazer esse gesto”, ressaltou.
Marina afirmou ainda que a criação de um fundo para cuidar de uma unidade de conservação marinha também significa que o povo brasileiro, aos poucos, está se conscientizando da importância da preservação dos ecossistemas marinhos. “Temos nos voltado muito para a preservação das florestas, mas em relação ao mar ainda estamos muito a desejar. Nós precisamos cuidar da nossa Amazônia Azul”, declarou a ministra, comparando a costa brasileira à maior floresta tropical do planeta.
(Por Welton Máxmo, Agência Brasil, 04/07/207)