Cerca de 40 anos depois, os municípios brasileiros estão sentido os reflexos da explosão demográfica urbana das décadas de 70 e 80. O principal problema ocasionado por esse aumento populacional é a falta de áreas disponíveis para a habitação nos grandes centros. Essa carência levou um grande número de famílias a ocuparem de forma irregular espaços considerados de risco, tais como margens de valões e, principalmente, embaixo de torres de transmissão de energia.
Há cerca de um ano e meio, as companhias de energias que atuam no Estado tentam remover milhares de famílias que vivem debaixo destas estruturas. Para discutir o problema, na noite da última segunda-feira (02/07), cerca de 100 canoenses que residem nessas áreas e representantes do Legislativo, do Executivo e do Ministério Público de Canoas se reuniram no plenário da Câmara de Vereadores. Ao todo 37 municípios gaúchos estão enfrentando o problema.
No encontro, o secretário municipal de Planejamento Urbano, Oscar Escher, destacou que existem 13 pontos de ocupações irregulares embaixo das torres da CEEE, totalizando 1.063 famílias cadastradas pela Prefeitura e que convivem diariamente com os riscos de morar perto desses locais. Escher disse ainda que a cidade está vivendo uma época de conseqüências e que a solução da falta de habitação não é apenas criar novas áreas.
SaúdeA promotora Maria Augusta Menz salientou que o Ministério Público está acompanhando os casos e que, inclusive, foi instaurado um inquérito civil para avaliar o assunto. A promotora mostrou-se muito preocupada com os riscos que as famílias correm convivendo nas proximidades de torres de transmissão. “Os problemas relacionados aos campos eletromagnéticos desses locais oferecem riscos à saúde como uma maior incidência de câncer para quem fica exposto a esse campo, além da queda da rede, dos fios ou explosões”, cita.
O vereador Nelsinho Metalúrgico (PT) ressaltou que além de cobrar uma solução do poder público, é necessário também acionar as companhias de energia. “É necessário que a AES Sul, CEEE e RGE também prestem conta sobre a situação dessas áreas. Elas deveriam controlar essas áreas para que não ocorram as construções e é necessário cobrar uma contrapartida financeira delas”, afirma.
Os deputados estaduais Raul Carrion (PCdoB) e Ronaldo Zülke (PT) participaram do encontro. O primeiro falou que 2,5 mil famílias vivem na faixa de domínio de redes de alta tensão da AES Sul, além de outras que estão sobre as da CEEE e da RGE em 37 cidades do Rio Grande do Sul. Zülke foi quem solicitou o encontro e coordenou os debates.
(Por Lílian Patrícia,
Diário de Canoas, 04/07/2007)