O grupo dissidente do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) liderado por José Rainha Jr. suspendeu nesta terça-feira (03/07) a onda de invasões no Pontal do Paranapanema (oeste) e no noroeste de São Paulo.
Segundo Rainha, nenhuma nova invasão foi realizada desde segunda-feira, e a maioria das 18 fazendas ocupadas durante a operação "São João" ou "inverno quente" já foi liberada pelos sem-terra. "Por parte do MST, [a onde de ocupações] parou. Não tem mais nada", afirmou Rainha.
Segunda, o sindicalista José Carlos Bossolan, presidente do Sintraf (Sindicato dos Trabalhadores da Agricultura Familiar) de Andradina, ligado à CUT (Central Única dos Trabalhadores), confirmou que duas fazendas foram desocupadas. A iniciativa foi em cumprimento às decisões judiciais que determinou a reintegração de posse da área.
Avaliação
Rainha admitiu que o objetivo das invasões era protestar e chamar a atenção da sociedade para a "gravidade do problema" e exigir dos governos do Estado e da União a reforma agrária. Segundo ele, somente na região do Pontal existem mais de 2.000 pessoas acampadas que aguardam a liberação de terras.
"Não queremos criar problemas, nem alterar a ordem do Estado. Só queremos mostrar a realidade", disse.
Invasões
O MST, o Mast (Movimento dos Agricultores Sem Terra) e sindicatos ligados à CUT realizaram uma série de invasões no Pontal do Paranapanema, totalizando 18 áreas ocupadas em uma semana da "operação São João" ou "inverno quente".
A ofensiva dos sem-terra é um protesto contra o projeto de lei encaminhado pelo governador José Serra (PSDB) à Assembléia Legislativa de São Paulo que visa regularizar terras acima de 500 ha na região do Pontal. Na avaliação dos sem-terra, a proposta beneficia os proprietários das áreas, em vez de beneficiar os trabalhadores rurais.
Para os sem-terra, a ação do tucano "legitima a grilagem de terra". Com as invasões, esperam que o governo recue e retire a proposta das mãos da Assembléia, o que ainda não ocorreu.
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Folha Online, 03/07/2007)