Créditos obtidos por empreendimentos comerciais para negócios com a madeira movimentaram em Mato Grosso mais de 81.823,0677 m³ de madeira, através de documentação falsa - o que leva a um valor em dinheiro de R$ 58.314.694,16. A fraude foi descoberta a partir da fiscalização ambiental realizada pela Secretaria Estadual do Meio Ambiente em projetos aprovados de exploração florestal, desmate e manejo florestal. Por conta disso, a Justiça expediu 75 mandados de prisão temporária e seis mandados de busca e apreensão.
Alguns créditos teriam sido transacionados apenas via sistema (CC-Sema), apresentando incompatibilidade entre o que havia sido declarado nos relatórios on line (GFs inclusive) e a exploração constatada em campo, nas respectivas áreas ou até mesmo com a própria natureza da vegetação (volumetria existente). Para transportar tal quantidade de madeira, segundo cálculos apresentados pelo Ministério Público, seriam necessárias mais de 4 mil caminhões.
Em alguns casos a autorização de exploração florestal e/ou manejo florestal foram obtidos e a área respectiva sequer foi explorada, em outros a autorização de desmate foi obtida de forma fraudulenta, com uso de documentos falsos e, em outros no projeto de exploração florestal a área foi declarada como sendo de floresta e, após a vistoria, constatou-se tratar, na realidade, de cerrado. Em todos os casos os créditos obtidos foram comercializados.
Os crimes praticados pela organização criminosa são de formação de quadrilha ou bando, falsidade ideológica, crime contra a administração ambiental. Segundo o delegado José Lindomar Costa, que acompanhou o início da Operação em Cuiabá, o exame minucioso de toda a documentação reunida durante as investigações realizadas com a instauração de seis inquéritos policiais, apontam para a existência de fortes indícios de uma verdadeira organização criminosa voltada à exploração ilegal de madeira.
“As atividades ilícitas vêm ocorrendo de forma sistêmica, com a utilização pelos seus integrantes da máquina estatal para obterem as licenças e autorizações necessárias para o funcionamento da “fábrica de papel”, que, depois de obtidos, são comercializados com alguns madeireiros, os quais esquentam a madeira, certamente já obtida por meios ilícitos” – ele explicou.
Os mandados de prisão foram expedidos para as cidades de Alta Florestas (2), Carlinda (2), Cláudia (2), Colíder (1), Cuiabá (9), Feliz Natal (5), Guarantã do Norte (2), Juara (9), Marcelândia (7), Nova Maringá (1), Nova Olímpia (2), Ourinhos, em São Paulo (1), Paranaíta (1), São José do Rio Claro (3), Sinop (19), Tabaporã (2), Terra Nova do Norte (2), Várzea Grande (3) e Vera (2). Em Cuiabá , Sinop e Várzea Grande são, respectivamente 3, 2 e 1 mandado de busca e apreensão.
(Por Rubens de Souza,
24 Horas News / Amazonia.org, 03/07/2007)