O presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Rio Branco - STR, Francisco Alves , França, revela que os agricultores não têm como limpar os roçado nas pequenas propriedades agrícolas, sem o uso do fogo. Apesar dos danos ambientais, provocados pelas queimadas, ainda é a única forma mais barata ao alcance dos lavradores, que não dispõem de recursos para incorporar as novas tecnologias sem o uso do fogo.
Segundo França, abrir um roçado de um hectare (100 X 100) com terçado ou foice, quando o agricultor chegar ao final desta área (que será cultivada), o matagal de ervas daninhas terá invadido completamente a área desmatada. Diante dos obstáculos, os agricultores optam por atear fogo na área que limpa por inteiro, facilitando com isso, o cultivo da semente. "Sabemos dos prejuízos da natureza com o uso do fogo, mas temos que lançar mão do que está ao nosso alcance", observou o líder rural.
De acordo com o sindicalista, se os governos (federal, estadual e municipal) lançarem uma política de mecanização da agricultura familiar, num curto espaço de tempo o fogo poderia ser abolido das pequenas propriedades rurais. Mas os esforços institucionais, consumiria grandes somas de recursos financeiros, das instituições públicas envolvidas no programa destinado a abolir o uso do fogo da floresta amazônica. Atualmente, segundo França, o STR dá assistência a aproximadamente 82 associações de pequenos produtores rurais, que vivem nos projetos de assentamentos, nos seringais os pólos agroflorestais, no entorno das principais malhas viárias que têm acesso à capital do Estado. Somente cadastrados na entidade sindical, existem aproximadamente seis mil agricultores, que usam o fogo, para limpeza dos roçados e pequenas áreas de pastagem.
No ano passado, os órgãos ambientais (Coordenadoria do Meio Ambiente do Ministério Público Estadual - MPE, Instituto do Meio Ambiente do Acre - IMAC e Instituto do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA ) liberaram as queimadas nas pequenas propriedades no Estado do Acre, mediante o controle rigoroso do uso do fogo. A medida, adotada pelo ex-secretário estadual do Meio Ambiente Edegard de Deus, só foi concedida aos pequenos agricultores e assentados, que possuíssem autorizações dos órgãos ambientais para a queima, que não tinham ultrapassado a área de reserva legal. Mas as queimadas, somente foram permitidas com o acompanhamento das Brigadas de Combate ao Incêndio, sediadas nos municípios, para evitar que o fogo avançasse em direção às outras propriedades ou colocações. A legislação em vigor estabelece a área de reserva legal em torno de 80% de uma propriedade rural estimada em torno de 100 hectares, segundo a minuta do Conselho Nacional do Meio Ambiente - Conama.
(
O Rio Branco / Amazonia.org, 03/07/2007)