O ministro da Ciência e Tecnologia, Sérgio Rezende, disse nesta terça-feira (03/07) que a região Nordeste precisa elaborar uma agenda sustentável para ampliar a participação na matriz energética nacional de biocombustíveis, incluindo o etanol. Ressaltou, no entanto, que o governo rejeitará propostas que não venham na direção da produção de riqueza com justiça social, com a inclusão de trabalhadores rurais no processo.
“O elemento mais importante é o trabalhador, se ele não tiver uma participação digna, o sistema não será sustentável”, afirmou, durante palestra no Fórum Nordeste 2007, encontro para debater estratégias para ampliar a produção de energia de fontes alternativas.
O ministro defendeu a importância dos debates sobre a questão. De acordo com Rezende, o Brasil está fazendo um movimento para ter uma liderança na área de biocombustíveis, e o Nordeste, que já foi responsável por quasee 100% da produção da cana-de-açúcar cultivada no país, e reduziu de forma significativa a participação no mercado, pode entrar novamente na matriz energética de maneira decisiva.
O presidente do Sindicato da Indústria do Açúcar e do Álcool, Renato Cunha, anunciou que o governo de Pernambuco pretende criar, em parceria com os produtores rurais, a Petrobras e um banco japonês, uma fronteira agrícola no rio São Francisco.
“É o chamado canal do sertão, que vai envolver municípios da Bahia e de Pernambuco no cultivo de mais de 10 milhões de toneladas de cana. Queremos ser responsáveis pela produção de 13% da matriz energética do etanol no país”, disse.
O governador em exercício de Pernambuco, João Lira Neto, disse que estão sendo debatidas alternativas para atrair investimentos junto a instituições nacionais e internacionais, que possam melhorar a produção canavieira para que o estado volte a ser competitivo nessa área.
Já o presidente do Conselho do Agronegócio da Fundação Getúlio Vargas e ex-ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, alertou que o desafio na questão dos biocombustíveis é criar um mercado mundial para consumir o produto. “Todo mundo sabe que os biocombustíveis triunfarão no mercado global, cuja demanda vai crescer 55% nos próximos 30 anos, principalmente em função do apelo do aquecimento global. Há uma expectativa, mas ainda não existe um mercado consolidado. Para que isso aconteça é preciso aumentar o número de países produtores de etanol de cana, porque ninguém vai ficar dependente de um único país exportador. O Brasil, que tem a tecnologia de produção, precisa fazer convênios para desenvolver o combustível em outros países com capital estrangeiro”, afirmou.
(Por Marcia Wonghon, Agência Brasil, 03/07/2007)