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2007-07-04

A espécie humana consome, destrói ou impede que nasçam plantas responsáveis por retirar quase 16 bilhões de toneladas anuais de carbono da atmosfera. Por meio da fotossíntese, as plantas fixam o carbono como matéria vegetal. Esses 16 bilhões de toneladas representam quase 24% de toda a produção vegetal potencial dos continentes, de acordo com estudo publicado nesta semana pelo periódico Proceedings of the National Academy os Sciences (PNAS).

De acordo com os autores do trabalho, nenhuma outra espécie consome tanto da chamada Produção Primária Líquida (NPP, na sigla em inglês) do planeta. "Trata-se de um impacto notável na biosfera, causado por apenas uma espécie", diz o artigo, assinado por pesquisadores alemães e austríacos, que se valeram de dados estatísticos sobre produção agrícola, pecuária e madeireira, além de mapas com dados sobre o uso do solo e modelos matemáticos, usados para estimar qual seria o chamado NPP potencial, ou a cobertura vegetal dos continentes caso a humanidade não interferisse com os ecossistemas.

O trabalho destaca que áreas de cultivo e de infra-estrutura são utilizadas de forma mais intensiva, levando a uma média global de apropriação humana do carbono que poderia ser fixado pela vegetação da ordem de 83% e 73%, respectivamente. Essa apropriação é menor em áreas de pasto (19%) e de exploração extrativista de florestas (7%).

Em termos de divisão regional, o uso dos recursos vegetais é maior no Extremo Oriente, chegando a 63% de toda a produção potencial, e menor na Ásia Central, com 12%. Em algumas áreas isoladas, como em partes do Oriente Médio, a apropriação humana dos recursos vegetais chega a ser negativa. Nessas áreas, o uso da tecnologia permite que a matéria vegetal que sobra no ambiente, após o consumo humano, seja ainda maior do que o potencial natural estimado.

Dos 16 bilhões de toneladas de carbono vegetal apropriados pela humanidade anualmente, cerca de 8 bilhões assumem a forma de colheitas agrícolas. Citando esse dado, os autores do estudo sugerem que "medidas para promover o uso de biomassa para geração de energia" devem ser "analisadas com cuidado", já que poderão dobrar o nível atual de colheitas.

Mesmo reconhecendo que a adoção de técnicas de agricultura intensiva podem aumentar a produtividade sem aumentar a proporção da vida vegetal apropriada pela humanidade, os cientistas alertam para o impacto ecológico negativo da intensificação da agricultura, como o aumento no consumo de água e o risco de contaminação por pesticidas.

(Estadão, 02/07/2007)


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