O prazo limite para que todos os hospitais brasileiros apresentem à Agęncia Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) os protocolos
validados pela vigilância para reprocessarem os materiais de uso único
passíveis de serem reutilizados é o dia 11 de agosto próximo. Uma série
de materiais de custo elevado já é reaproveitada pela maior parte dos
hospitais há muito tempo, mas só agora haverá um controle legal sobre
seu reprocessamento. Os hospitais que năo cumprirem o prazo
estabelecido para a entrega dos protocolos estăo sujeitos a sofrer
advertęncias, multas e, no limite, cancelamento de autorizaçăo e de
licença de funcionamento.
No ano passado, a Anvisa determinou, através da Resoluçăo de Diretoria
Colegiada (RDC) nş 156, que uma série de materiais utilizados em
pacientes e que săo de uso único, portanto descartáveis, năo poderá ser
mais reprocessada. A partir desta decisăo, a Anvisa divulgou uma série
de materiais proibidos ao mesmo tempo em que passou a permitir que os
materiais que năo fazem parte desta lista sejam reutilizados.
De acordo com o infectologista Antônio Carlos Bandeira, “parece óbvio
que um material descartável năo possa ser reutilizado, porém estes
materiais tęm um custo elevado”, afirma. E completa: “Săo, por exemplo,
cateteres utilizados em angioplastias (intervençőes cardíacas), que
custam milhares de reais. E os hospitais tęm dificuldades com as
operadoras de saúde para reembolso destes valores”.
Por isso, estes materiais vinham sendo reutilizados em muitos
pacientes, só que, por muito tempo, sem nenhuma legislaçăo para
controlar este processo. Pela nova legislaçăo, os hospitais precisam
desenvolver protocolos de validaçăo do processo de limpeza e
esterilizaçăo relativas aos materiais de uso único passíveis de serem
reutilizados. Segundo Bandeira, até que haja um controle efetivo deste
procedimento, nenhum paciente que se submete a uma cirurgia pode se
sentir completamente seguro enquanto năo houver um controle legal do
processo de lavagem, secagem e esterilizaçăo de instrumentos de uso
único reutilizados.
“Se de repente o cateter reciclado quebrar dentro do coraçăo do
paciente, de quem é a responsabilidade? E se este paciente for
contaminado pelo vírus HIV, de quem é a culpa, se năo existir lei sobre
isso?”, aponta. O infectologista Antônio Carlos Bandeira participou, no
dia 26 de junho, da reuniăo mensal da Câmara de Reprocessamento de
Materiais de Uso Único da Associaçăo Nacional de Hospitais Privados
(ANAHP) – entidade que reúne hospitais particulares credenciados por
esta instituiçăo. A discussăo sobre esta nova legislaçăo foi a
principal pauta do encontro, realizado em Săo Paulo. Em Salvador, o
médico atende nos hospitais Săo Rafael e Aliança.
(Correio da Bahia, 03/07/2007)