Os manifestantes que invadiram a área no km 29 da BR-428, em Cabrobó (PE), onde o Exército iniciou as obras de transposição das águas do Rio São Francisco, decidiram ontem (02/07) manter a ocupação, apesar de a Justiça Federal ter determinado, na sexta-feira, a reintegração de posse.
Segundo Ruben Siqueira, um dos coordenadores da ocupação e integrante da Comissão Pastoral da Terra da Bahia, os manifestantes não pretendem sair da área. Siqueira disse que possibilidade de a polícia cumprir o mandado de reintegração não tem intimidado os manifestantes, que na semana passada iniciaram a construção de casas de barro.
Ontem pela manhã o trabalho na área foi dedicado à construção de uma praça, que será inaugurada à noite com um jantar festivo, o que inclui dança, música e poesia.
No início da tarde, os manifestantes também começaram a fechar, em forma de mutirão, o buraco que foi aberto para dar início à transposição das águas do São Francisco.
"Estamos tapando o buraco do Geddel", disse Siqueira, em referência ao ministro de Integração Nacional, Geddel Vieira Lima, que na semana passada enviou um interlocutor ao local para tentar convencer os manifestantes a deixar a área. A iniciativa, porém, ainda não teve resultado.
OcupaçãoA ocupação em Cabrobó teve início na madrugada de terça-feira. O objetivo do protesto, de acordo com o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), é impedir o avanço das obras, iniciadas no começo de junho. Além disso, os trabalhadores querem a retomada do território pelo povo indígena truká.
A ocupação, segundo o movimento, é por tempo indeterminado. Participam do protesto organizações sociais e movimentos populares, além de comunidades de Minas, Pernambuco, Sergipe, Alagoas, Bahia e Ceará.
Os manifestantes exigem o arquivamento do projeto, orçado em mais de R$ 5 bilhões, além da implementação de alternativas e tecnologias apropriadas de convivência com o semi-árido.
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Folha Online, 02/07/2007)