Os moradores da Juréia têm um importante compromisso nessa quinta –feira (05/07). Eles vão se reunir no bairro do Despraiado, no
município de Iguape para um “empate”. O objetivo dessa turma é dar um ponto final nos desmatamentos clandestinos que há anos se desenrolam, com o conhecimento das autoridades competentes, na Estação Ecológica da Juréia.
“Empate”foi o termo criado pelo seringueiro
Chico Mendes para as ações contra o desmatamento na Floresta Amazônica e adotado pela segunda vez pelos defensores do bioma Mata Atlântica na Juréia em sua homenagem.
Segundo o presidente da União dos Moradores da Juréia (UMJ), Arnaldo das Neves, já foram alertados anteriormente pela UMJ, o secretário do Meio Ambiente, Francisco Graziano, e representantes de organismos públicos e sociedade civil organizada foram convidados para a ação. Neves conta que o
desmatamento na região vem comprometendo um setor de mata primária no divisor dos municípios de Iguape e Miracatu, em uma cabeceira de águas, e vem sendo denunciado pela UMJ desde agosto de 2005, quando a realização de um I Empate resultou na promoção de cerca de 60 ações pelo Ministério Público Estadual. “A comunidade do Despraiado é composta por agricultores que habitam a região há mais de 200 anos. Esta área nunca foi ocupada pela comunidade, pois é a cabeceira das águas que eles utilizam para beber”, explica.
HistóricoO I Empate foi realizado em agosto de 2005, quando gerou cerca de 60 ações promovidas pelo Ministério Público Estadual contra invasores que desmatam a Juréia. Um mês depois, em reunião com o então secretário do Meio Ambiente, José Goldemberg, a UMJ encaminhou solicitação de fiscalização conjunta entre a associação e Estado. “Em março de 2007, reiteramos pessoalmente por ofício o mesmo pedido de fiscalização conjunta em reunião na Juréia para o atual Secretário Xico Graziano. Ambos os ofícios até hoje não obtiveram respostas:”, lamenta o ambientalista.
A denúncia, que os desmatamentos continuam, foi feita durante o seminário
"Apresentação dos Estudos de Criação da RDS Una D´Aldeia, Iguape, SP", realizado na Assembléia Legislativa de São Paulo em 14 de junho deste ano. “Sabemos a boa vontade do Secretário Xico Graziano, porém, chamamos a atenção que o tempo do Estado não é o tempo da sociedade e neste lapso florestas primárias de mais de 300 anos estão sendo substituídas por bananais dentro da E.E da Juréia”, alerta Neves.
Na solicitação a UMJ argumenta que: “Somos moradores de Unidades de Conservação e queremos participar da conservação e da gestão destes espaços, mas precisamos ser entendidos pelo Estado como parceiros, termos condições legais para exercer a cidadania em defesa do patrimônio natural das UCs do qual vivemos e dependemos e sermos tratados com respeito e dignidade”.
(Por Carlos Matsubara, Ambiente JÁ, 02/07/2007)