A Organização Mundial da Saúde (OMS) advertiu que o aquecimento global causado pela emissão de gases do efeito estufa à atmosfera, entre outros fatores, provocará um aumento das doenças na região da Ásia-Pacífico. Diante de um fórum de especialistas realizado a partir de hoje na capital da Malásia, Kuala Lumpur, o diretor da OMS para o Pacífico Ocidental, Shigeru Omi, afirmou, por exemplo, que a elevação das temperaturas mundiais está fazendo com que a malária surja onde antes não existia ou onde deixou de existir há muito tempo. Quanto à dengue, também transmitida por mosquitos, Omi explicou que o vírus se estendeu pelas áreas urbanas afetadas por ondas de calor, como ocorreu em 1998 em Xangai, na China, onde os mais de 40°C registrados triplicaram o índice de mortalidade relacionado à doença.
Omi afirmou que, se os Governos não tomarem medidas agora, no futuro "será tarde demais" para fazer frente aos problemas econômicos e de saúde que o aquecimento global vai acarretar. Segundo ele, é necessário articular políticas inovadoras, como incentivos fiscais e subsídios, para que as energias renováveis sejam promovidas, além de tecnologias que economizem energia. Shigeru Omi ressaltou que a sociedade precisará adotar novos estilos de vida, que levem a um maior uso do transporte público e da bicicleta nas cidades.
O conselheiro de Saúde e Meio Ambiente do escritório da OMS no Sudeste Asiático, Alexander von Hildebrand, disse que, entre 1996 e 2005, esta região da Ásia sofreu 1.273 desastres naturais e 1.387 incidentes relacionados com danos a infra-estrutura civil. O especialista atribuiu os fenômenos ao aquecimento mundial. De acordo com ele, as mudanças no regime de chuvas estão aumentando o número de doenças causadas pelo consumo de água de baixa qualidade. Além disso, estes fatores favorecem a proliferação de doenças transmitidas por espécies como os mosquitos.
Hildebrand especificou que os países mais pobres, por contar com infra-estrutura mais frágil e um sistema de saúde menos eficaz, sofrerão mais conseqüências negativas. Mais de 50 especialistas em saúde de 14 países asiáticos se reuniram hoje para o seminário Mudança Climática e Saúde nos países do Sudeste e do Leste Asiático, que termina na quinta-feira.
Durante esta semana, os especialistas de países como Malásia, Japão, China, Índia, Tailândia e Bangladesh participarão de grupos de trabalho para compartilhar experiências e propor medidas para atenuar os efeitos do aquecimento global. No final do mês, Bangcoc acolherá a primeira reunião ministerial regional para tratar do tema, enquanto a ilha de Bali será a sede, em dezembro, da conferência das Nações Unidas sobre mudanças climáticas.
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Efe, 02/07/2007)