Até o fim desta semana deve ser realizada uma perícia para identificar as causas do descarrilamento de cinco vagões de um trem no interior de Vale Verde na última quinta-feira. Durante o fim de semana, 60 funcionários da América Latina Logística (ALL) realizaram a retirada da gasolina que estava nos tanques. Uma equipe da Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam) acompanhou a operação.
O levantamento tem por objetivo apontar onde ocorreu o problema que causou o tombamento. Uma das possibilidades é de que tenha havido falha mecânica na composição. De acordo com o gerente da concessionária, Gerson Almeida, foi aberta uma sindicância para apurar as responsabilidades. Ele ressalta que este trabalho é importante para evitar que ocorram outros acidentes do tipo. “Eram vagões novos”, completou.
A operação para remover o combustível e a estrutura começou no mesmo dia do tombamento, mas foi intensificada entre sábado e ontem. Um guindaste da ALL foi levado para o local a fim de içar a parte que estava fora dos trilhos. Outros tanques foram utilizados para armazenar a gasolina.
IMPACTOSegundo Almeida, cerca de 300 litros de combustível acabaram atingindo o solo. Este volume é considerado pequeno, se comparado com a carga de 60 mil litros que era transportada. Parte do líquido chegou a um pequeno córrego que passa perto, mas não causou grandes danos.
De acordo com o engenheiro químico do serviço de emergência da Fepam, Vilson Trava Dutra, as barreiras de contenção utilizadas para evitar a propagação da gasolina foram suficientes. Ele e outro técnico percorreram um raio de 400 metros ao longo do córrego, mas não identificaram contaminação. “Nem mesmo a vegetação próxima ao ponto de tombamento foi prejudicada”, afirmou.
“O dano ambiental pode ser pequeno. Teremos condições de quatificá-lo após o transbordo do combustível que ficou nos vagões. Assim saberemos qual foi a quantidade que realmente vasou”, disse. Por enquanto a recomendação apresentada aos moradores dos arredores é de que mantenham os animais distantes da área para evitar possíveis contaminações. O consumo da água naquela área também não é recomendado.
Moradores temem danos ambientais Mesmo com a afirmação da Fepam de que não há grandes riscos, a comunidade de Vale Verde ainda teme a possibilidade de contaminação do solo e da água. Na tarde de sábado dezenas de pessoas foram até o local acompanhar a operação de retirada dos vagões. O cheiro de gasolina ainda era forte, mas o vazamento estava sob controle. Segundo a ALL não houve rompimento dos tanques, por isso o volume que derramou era pequeno.
Um dos mais preocupados com a situação é o motorista Clécio Kroth, 41 anos. O córrego por onde escorreu a gasolina passa em sua propriedade e desemboca em um arroio a cerca de 500 metros de distância. “Colocaram algumas barreiras, mas acredito que não sejam suficientes para evitar a contaminação”, afirmou. Para evitar prejuízos, ele retirou suas sete vacas da área próxima. Um açude no qual são criadas carpas também foi isolado.
A Fepam continuará monitorando a área.
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Gazeta do Sul, 02/07/2007)