A venda de acessórios confeccionados por artesãos indígenas nesta época de Festival Folclórico de Parintins chama a atenção de turistas e moradores locais que buscam e usam os artigos seguindo as cores dos bois Garantido e Caprichoso, as principais atrações da festa.
Apesar da procura ser grande, colares, pulseiras, brincos e cocares feitos com penas, dentes e pedaços de ossos de animais silvestres estão na mira dos fiscais do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama), que desde o dia 14 de junho fazem a campanha "Não tire as penas da vida".
De acordo com a analista ambiental e fiscal do órgão em Parintins, Maria Luíza de Souza, a campanha ocorre praticamente ao longo do ano inteiro e é feita há cinco anos na cidade amazonense. Em 2007, explica, o principal público-alvo são os turistas que já estão na cidade para participar da 42ª edição do evento, que ocorre este fim-de-semana.
"A campanha é voltada principalmente para turistas, para que eles não incentivem o comércio de produtos ilegais, subprodutos da fauna regional, incluindo penas, dentes, escama de peixes. Procuramos conscientizá-los para que não comprem esses artefatos de indígenas ou de outros artesãos porque são produtos ilegais".
Segundo ela, o problema com os artesanatos ocorre apenas na época do festival, quando dobra o número de pessoas na ilha Tupinambarana – como a cidade é conhecida por causa dos seus primeiros habitantes, os Tupinambás. Nos meses anteriores e posteriores às exibições dos bumbas, acrescenta, os artesãos concentram a produção em artigos feitos com sementes, capim e palha.
Nesta semana, o coordenador da Casa do Índio em Parintins, Jéferson Padilha, e um grupo de 15 indígenas das etnias Tikuna, Wai Wai, Hexkaryana e Sateré Mawé estiveram na sede do Ibama na cidade para tentar um acordo com o órgão ambiental sem prejudicar o trabalho dos índios.
Padilha explica que os indígenas exploram a venda dos artesanatos feitos com partes do corpo de animais silvestres porque são os mais procurados por turistas. Mas esclarece que os índios não querem agir de forma ilegal.
"Nós nos alimentamos desses animais e usamos as penas para o nosso artesanato, que faz parte da nossa cultura. Queremos trabalhar livremente, sem precisar nos esconder".
Depois da conversa com o Ibama, os indígenas propuseram a criação de um fórum entre os representantes das etnias que vivem em Parintins, Ibama e Funai para tentar viabilizar a venda dos artefatos segundo a legislação ambiental.
Parintins fica a 369 quilômetros de Manaus. A administração da Funai na cidade é responsável por três terras indígenas: Andirá- Marau, Nhamundá-Mapuera e Trombetas-Mapuera, que concentram mais de 100 mil índios e pelo menos 12 etnias distintas.
(Por Amanda Mota,
Agência Brasil, 01/07/2007)
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