A Petrobrás está, atualmente, negociando com 20 empresas de todo o mundo contratos para a compra de Gás Natural Liquefeito (GNL), informou ao Estado uma fonte na estatal. Com as incertezas em torno da construção de novos projetos hidrelétricos e, também, do gás boliviano, o GNL que será usado em usinas térmicas pode vir a ser um insumo estratégico no abastecimento de energia do País nos próximos anos, pelo menos até a entrada do gás que será produzido na bacia de Santos.
Tanto é que o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) lista, entre suas prioridades, a implantação de duas unidades regaseificadoras de GNL - uma a ser instalada no Rio de Janeiro e outra, no Ceará. A Petrobrás já contratou essas duas unidades, que entrarão em operação até o início de 2009.
Recentemente, o presidente da empresa, José Sérgio Gabrielli, anunciou que a Petrobrás estuda a possibilidade de contratar ainda um terceiro navio. Com isso, a capacidade de processamento de GNL da empresa poderia chegar a 34 milhões de metros cúbicos diários de gás, volume bem superior aos cerca de 26 milhões de metros cúbicos do combustível que são bombeados diariamente da Bolívia.
Nigéria e ArgéliaA fonte da Petrobrás negou que o mercado internacional de GNL esteja escasso. A avaliação do funcionário da empresa é de que muitas empresas anunciam, de antemão, que não têm gás disponível apenas como instrumento de barganha. 'No Qatar, por exemplo, nos disseram que estavam sem gás, mas, em seguida, ponderaram que poderiam fazer alguma coisa para nos vender o gás.'
A Petrobrás já fechou acordo do tipo Master Agreement (uma espécie de acordo de intenções) com a Nigerian LNG. Esse documento estabelece as condições para que as duas empresas negociem quando houver demanda por GNL por parte da Petrobrás. A estatal também assinou um documento semelhante com a argelina Sonatrach.
A estratégia da estatal nas negociações, disse a fonte, não é de fechar contratos firmes de compra de GNL. Isso porque, como o combustível será queimado, principalmente em usinas térmicas, que só serão acionadas quando os reservatórios das hidrelétricas estiverem baixos, a empresa correria o risco de pagar por um gás que ficaria parte do tempo sem ser usado.
'Estamos buscando acordos adequados para atender nosso mercado. Temos certeza que vamos cumprir os compromissos que firmamos (de fornecimento de gás) ou que venhamos a assumir.'
(Por Leonardo Goy,
Estado de S. Paulo, 02/07/2007)