Pouco depois de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva defender a produção de biocombustíveis, em discurso na 33ª Reunião de Cúpula do Mercosul, seu colega Evo Morales, da Bolívia, voltou a atirar contra esse projeto valendo-se do argumento de ser uma "sinistra idéia de converter alimentos em combustíveis para carros famintos". Em seu discurso, Morales referiu-se especialmente a uma reportagem publicada na revista "The Economic" (na verdade, a edição de abril passado da britânica The Economist) que defende que o líder cubano, Fidel Castro, estava certo ao criticar os biocombustíveis.
Morales reproduziu a conclusão da revista de que o preço do milho no mercado dos Estados Unidos disparou e, conseqüentemente, o da terra e o das carnes. "O senhor Castro advertiu contra a sinistra idéia de converter alimentos em combustível", afirmou Morales, completando que esse sistema somente atende aos "famintos automóveis americanos".
Minutos antes, o presidente Lula defendera que a experiência brasileira na produção de etanol, biodiesel e H-bio demonstram que não há comprometimento da segurança alimentar e que conta com enorme potencial em termos ambientares, sociais e econômicos. Completou que, por essa razão, há "urgência" na elaboração de um programa de estímulo à produção e ao consumo de biocombustíveis pelo grupo de trabalho criado na União das Nações Sul-americanas (Unasur) para tratar do tema. "Os biocombustíveis oferecem uma oportunidade sem paralelos para transformarmos a região (Mercosul) em pólo industrial e tecnológico na vanguarda dessa revolução energética", insistiu Lula.
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A Tarde, 29/06/2007)