O Urbanista e pesquisador do Instituto Pólis Kazuo Nakano faz um alerta: os recursos públicos destinados a melhorias na infra-estrutura urbana "não devem estar sujeitos a contingenciamentos, a simplesmente fazer superávit primário, eles devem ser vistos como investimentos econômicos que têm retorno e reflexo direto na produção de riquezas".
Sem aliar as agendas de investimento em urbanização e no desenvolvimento econômico, lembra o pesquisador, não é possível que um país faça frente aos desafios que o crescimento da população urbana traz. Na última semana, o Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) apresentou um relatório que mostra que, em 2008, metade da população mundial vai estar vivendo em áreas urbanas.
Nakano diz ser importante que os governos se adiantem a possíveis dificuldades que podem surgir com a aumento da população nas grandes e médias cidades. "As demandas por políticas públicas na área habitacional, de saneamento ambiental e de mobilidade demandam investimentos públicos que podem melhorar as condições de vida da maior parte da população urbana, de funcionamento da cidade, as condições econômicas da população na cidade e com isso promover crescimento econômico, promover uma maior e melhor produção de riqueza.”
O urbanista afirma, ainda, que o tratamento conjunto das agendas urbana e econômica deve se dar em nível mundial, pois os governos nacionais sozinhos não conseguem fazer frente ao crescimento urbano.
“É preciso que essas agências multilaterais que estão voltadas para promover o crescimento econômico trabalhem também com a agenda urbana numa perspectiva internacional, porque a magnitude dos desafios que estão sendo colocados hoje pelas grandes cidades exige uma concentração e uma otimização de recursos para atender a essas demandas que não se encontram somente na instância nacional, esses recursos se encontram numa instância internacional."
(Por Ana Luiza Zenker, Agência Brasil, 01/07/2007)